Sem tempo para rever ou escrever novo texto sobre o doc Programa Casé: o que a Gente não Inventa, não Existe, limito-me a publicar de novo o pequeno comentário que fiz sobre o filme à época do Festival do Rio 2009:
O filme de Estevão Ciavatta tem que ser entendido no contexto dos docs-família que vicejam atualmente no Brasil. São quase extensões do filme doméstico, tal é a participação dos familiares e tal é o coquetel de simpatia e admiração que move o projeto. Nesses limites, onde não cabem a contradição nem a ambivalência, Programa Casé é um programa bacana. A biografia de Ademar Casé, o patriarca do clã, self made man versão brazuca, enseja uma visita gostosa aos primórdios do rádio no Brasil. Nesse campo, Ademar jogou nas onze: aprendeu a construir rádios-galena, foi vendedor de rádios a domicílio e acabou por se tornar o primeiro grande produtor e formatador do rádio brasileiro. O doc faz um esforço considerável para exumar velhas joias visuais e sonoras, que deliciam a plateia. Na atualidade, capta alguns bons momentos, como uma performance musical do velho Braguinha e uma hilária entrevista de Regina Casé com a família Caymmi. No mais, é uma cronologia ilustrada, sucessão de efemérides na vida de um homem com faro para a publicidade e espírito empreendedor.
Realmente é um baita privilégio fazermos uma revisitação aos antanhos da nossa história radiofônica e descobrir que muito da Era do Rádio (Brasil) teve a iniciativa pessoal de um personagem – Casé. Mas quando subiram os creditos finais fiquei intrigado, aqueles sequencias da Cidade Maravilhosa inicio do século XX do filme “Terra Encantada” (1923) de Silvino Santos (1886-1970), mas não constava o seu nome e sim “Acervo Roberto Kahane”. O mesmo já havia acontecido no filme sobre o “Cristo Redentor” (Bel Noronha). Gostaria de esclarecer esse equivoco. No inicio anos 70, o que restou do filme “Terra Encantada” se transformou em dois curtas metragens “”Fragmentos de Terra Encantada” e “1922-A Exposição da Independência” de Roberto Kahane e Domingos Demasi. Quem deve estar vendendo as imagens de Silvino Santos com outro nome? Cinemateca MAM-RJ? Cinemateca Brasileira?
Vou repassar sua mensagem ao conoisseur Hernani Heffner.
Hernani Heffner esclarece que “a Cinemateca do MAM não vendeu imagens para o Programa Casé e para o filme da Bel Noronha o trecho cedido foi do filme Os Japoneses no Rio. Os materiais do Silvino Santos estão todos na Cinemateca Brasileira”.