Split se orgulha de ser a segunda maior cidade da Croácia (depois da capital Zágreb) e a maior da bela região da Dalmácia, no sudoeste do país. Seu nome deriva da antiga colônia grega de Spáthalos, que se referia a um arbusto típico local. Mas o sentido do termo atual Split se ajusta bem ao significado da palavra em inglês: divisão.
Pois a cidade se divide mesmo entre duas imagens opostas e igualmente características. É um balneário alegre, com uma riva (orla) cheia de charme e praias concorridas de águas cristalinas. Mas possui também um dos mais interessantes conjuntos de vestígios da época romana fora da Itália. O centro histórico de Split se confunde hoje com o antigo palácio do imperador Diocleciano, nascido ali numa época em que a cidade se chamava Espalato.
O complexo, construído no século III, era um misto de palácio e fortaleza, dotado de um labirinto de vias e becos que agora delicia os turistas. Uma certa passagem estreita é tida pelo folclore urbano como “a rua mais estreita do mundo”. Na placa, lê-se: “Pusti me proc”, ou seja “Deixe-me passar”.
Na praça monumental do palácio apresenta-se diariamente um pequeno espetáculo kitsch, em que Diocleciano vem à sacada para dirigir-se “ao povo” e oferecer as portas abertas de sua moradia. Nas grandes galerias remanescentes, pode de repente erguer-se o som de um grupo de canto klapa (a capella), marca sonora do lugar. Quando lá estivemos, em 2014, a área servia de cenário para a série Game of Thrones, com grupos de cenotécnicos trabalhando obstinadamente.
Do alto da colina Vidilica (pronuncia-se Vidilitsa) descortina-se a dupli-cidade: de um lado, o Mar Adriático com seu apelo mundano; de outro, o casario do centro histórico dominado pela torre da Catedral de São Dômnio.
Fora do centro, um ponto de interesse incontornável é a Galeria Meštrović, dedicada a Ivan Meštrović, o mais célebre escultor croata. Suas obras de cunho realista, formas voluptuosas e expressões dramáticas se estendem pelo aprazível jardim da galeria, além de outros pontos da cidade – e também de Zágreb.
Se a Croácia, por sua proximidade geográfica e pelo histórico de colonização, tem muitos pontos em comum com a Itália, Split é um lugar onde isso fica especialmente visível.
Vejam o vídeo de 20 minutos, que tem trilha musical do grupo típico Suveniri, do italiano Luis Bacalov e temas de Game of Thrones por Ramin Djawadi.
Carlinhos, que delícia ter o privilégio de desfrutar desses 20 minutos de pura contemplação. Como faz bem esse seu olhar e essa sua paciência de traduzir tanto encantamento para quem apenas pega carona nas suas viagens. Beleza que vai da cor e transparência das águas à rua mais estreita do mundo, por onde certamente se espreme a nossa democracia pedindo passagem. Que o badalar de tantos sinos simultâneos sirva para despertar os sonhos e nunca mais deixá-los adormecer. Obrigada, muito obrigada!
Cris, querida, seu olhar é um upgrade para qualquer coisa. Agradeço o lindo comentário e acompanho seu desejo de que tenhamos atravessado aquela rua estreita para sempre.