TERRA na Netflix
Esse documentário do especialista Yann Arthus-Bertrand pretende criar uma narrativa consumível e engajada sobre a história do planeta Terra. Para isso, sai em busca de sinais remanescentes das várias espécies que nos antecederam. Dos líquens e fungos encontrados no platô do Monte Roraima a um campo de desmonte de velhos navios em Bangladesh, TERRA narra a evolução das espécies e o progressivo afastamento entre o Homem e a Natureza.
Iguanas marinhas dos Galápagos, beija-flores da Amazônia e plantas carnívoras, entre muitos outros, são personagens de uma história fascinante de mutações, colaboração, sedução e devoração entre diferentes formas de seres vivos. Até que chega o Homem e estabelece outro padrão de comportamento. Aos poucos, a agricultura e a pecuária transformam a relação entre homens e animais de mítica a econômica. A Natureza vira produto e os animais selvagens, refugiados num mundo dominado pela funcionalidade e a servidão. Ora o homem salva, ora massacra.
A narração, a cargo da atriz Vanessa Paradis, tem a marca da militância ambientalista de Arthus-Bertrand, aqui dirigindo mais uma vez em parceria com o documentarista-aventureiro Michael Pitiot. Mas o que se impõe, juntamente com o discurso verbal, é a eloquência estonteante das imagens. Não apenas as tomadas aéreas, especialidade dos diretores, mas as chocantes cenas de abate sacrificial de búfalos no Nepal, a filmagem de helicópteros tangendo rebanhos na Austrália e de um hipopótamo sendo içado nos ares ou a apocalíptica paisagem banhada em carbono e enxofre de Norilsk, na Sibéria.
Beleza e denúncia se combinam de maneira harmônica, embaladas por uma faixa sonora extremamente trabalhada de música e ruídos. Ao mesmo tempo que nos faz arregalar os olhos para as espantosas imagens do planeta, TERRA nos indaga até quando fecharemos os olhos para a nossa inexorável autodestruição. Mar 2020
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