Não vou discutir aqui os méritos da escolha de Lula, o Filho do Brasil para disputar uma indicação ao Oscar. Participei no ano passado dessa comissão e sei que os critérios finais não dizem respeito somente à qualidade artística do filme, mas levam em conta, com peso alto, todas as variantes que podem influir na avaliação do filme por espectadores estrangeiros.
Vejo que o anúncio redespertou a fúria dos detratores do filme, especialmente num momento em que as hordas anti-Lula estão alvoroçadas para impedir uma vitória de Dilma Roussef no primeiro turno. Em seu blog, por exemplo, Artur Xexeo achou por bem destacar as restrições de uma resenha publicada hoje no jornal La Nación. O texto dele se refere a uma única resenha, mas o título pode sugerir que toda a crítica argentina “detonou” o filme. A nota diz assim:
Crítica argentina detona ‘Lula, o filho do Brasil’
“A incrível história de vida de Lula da Silva merecia um filme melhor, mais interessante e mais profundo que ‘Lula, el hijo del Brasil'”. Esta é a avaliação da crítica Natalia Trzenko, publicada nesta quinta-feira no jornal argentino “La Nacion”, sobre o filme “Lula, o filho do Brasil”, de Fábio Barreto, que está estreando em Buenos Aires. “Cada episódio da vida do presidente do Brasil é mostrado como se fosse um manual de História escrito por seu biógrafo oficial”, continua a crítica, que deu ao filme a cotação “regular”. O roteiro é considerado “limitado e superficial” pela crítica, que só livrou a cara de Gloria Pires, que, na avaliação do jornal, interpreta “com maestria” o papel de dona Lindu.
Como se vê, os adjetivos e trechos destacados por Xexeo não chegam a justificar o verbo “detonar”. No texto de Natalia Trzenko há elogios também para a performance de Rui Ricardo Díaz e para a cena do comício sem microfone em São Bernardo. Mas os comentários da resenha, no site do La Nación, já incluem o de um brasileiro cheio de vergonha pelo filme e pelo povo que elegeu Lula. O filme de Fábio Barreto virou um catalisador de paixões em torno do seu personagem. Mais de ódio, talvez, que de amor.
Carlos, parabéns pela postura sobre a escolha de ‘Lula’ para o pré-Oscar. Talvez não seja o melhor filme do ano, porém não houve nada muito melhor por aí.
A força da personagem talvez faça-nos alçar voos maiores do que imaginamos, até porque a escolha do Oscar nem sempre é pelo melhor. Vide ano passado onde é impossível comparar ‘A Fita Branca’ à ‘O Segredo dos seus Olhos’. Ambos bem realizados, porém o filme de Haneke é muito melhor. Ao menos na minha visão.
Vamos ver no que dá.
Parabéns pelo blog e pelas críticas!
Valeu, Vitor. O Inácio Araújo, da Folha de SP, também partilha dessa nossa opinião sobre o “Lula” no Oscar. Abraço!
o xexéo virou o reinaldo azevedo do globo.
Sou uma das maiores admiradoras do Lula. Não só votei nele nas duas eleições, fiz campanha pra que ele se elegesse das 7 às 23h diariamente, mas não gostei da escolha do filme para nos representar. Acho o filme incompleto, falta o principal fato da vida do Lula, a fundação do PT, a estrela do partido sequer aparece no filme.
Pra mim, se trata de um filme chapa-branca, um puxa saquismo do júri enviar esse filme para nos representar quando havia vários outros com qualidades capazes de nos trazer o prêmio. É lamentável!
Depois não se sabe por que o Brasil não trz o Oscar…
Abraços
Não entendo como a ausência da estrela do PT poderá prejudicar o filme na disputa pela indicação, Risomar. Vá lá que você não goste do filme, mas ele relata a vida do Lula até o seu surgimento como liderança sindical. Sinceramente, não acho que outro filme tivesse mais chances do que este para tentar a indicação. “5xFavela” soaria ingênuo a votantes que desconhecem a natureza do projeto e o que ele representa para nós. “É Proibido Fumar”, comédia excelente, se pareceria muito com os produtos mainstream internacionais, sem aquele traço diferencial que eles costumam valorizar no Oscar de filme estrangeiro. “Lula” é épico, bem realizado, tem cara de filme “nacional”.