Ode à brodagem abre o Fest Aruanda

OS QUATRO PARALAMAS no Fest Aruanda

O 15° Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro começa nesta quinta-feira em João Pessoa nos formatos presencial e online através da plataforma Aruanda Play. Confira aqui os detalhes e a programação. A sessão de abertura vai comemorar os 60 anos do clássico curta-metragem Aruanda, de Linduarte Noronha, um dos filmes que deram o norte para o Cinema Novo, e fazer uma das primeiras exibições do longa Os Quatro Paralamas, de Roberto Berliner.

Os Quatro Paralamas bem poderia se chamar “Os Cinco Paralamas”. Além de Herbert, Bi, Barone e do empresário José Fortes, haveria também o diretor Roberto Berliner, que está com eles há quase 40 anos, filmando clipes, vídeos musicais, bastidores, gravações e cenas domésticas. Parte desse material já havia sido reunido em Herbert de Perto (2009), longa focado no líder da banda antes e depois do acidente que o deixou paraplégico em 2001.

No novo filme, dirigido em conjunto com Paschoal Samora, Berliner inclui-se no grupo com discrição mediante uma curta narração em primeira pessoa no início e breves aparições casuais do seu longo convívio. A ênfase, mais uma vez, está na história dos Paralamas do Sucesso, agora tratando dos quatro com proeminência mais ou menos equivalente. Algumas interseções com o que já vimos em Herbert de Perto não prejudicam o prazer de quem acompanha e admira a carreira da banda.

O que ressalta é a amizade até hoje indestrutível do quarteto ao longo de tantos anos, aparentemente sem conflitos nem ameaças de ruptura. Mais que isso, é uma ode à brodagem de quatro moleques cariocas que amadureceram juntos e têm muito o que recordar. É o que fazem hoje, reunidos para lembrar e tocar. Em dado momento, tiram do fundo do baú a canção Pinguins já não os vejo pois não está na estação, que nunca mais tinham executado desde 1982.

Berliner e Samora, pilotados pela montagem esperta de Arthur Frazão, mesclam os tempos por associações de situações e ideias, culminando com uma performance multitemporal da deslizante Ska. A clássica Alagados ganha um clipe randômico capaz de empolgar na tela grande e no som possante.

Como muitos materiais são de velhas fitas de vídeo comprometidas por sujeira e drop outs, isso foi assumido e valorizado numa estética anárquica, impregnada de marcas do tempo. Afinal, Os Quatro Paralamas é um filme sobre o tempo que deleta cabeleiras, deixa grandes traumas pelo caminho, mas não abalou em nada a união desses brothers.

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