O HOTEL ÀS MARGENS DO RIO em lançamento online
Em O HOTEL ÀS MARGENS DO RIO, Hong Sang-soo nos reserva um toque surpreendentemente grave para o seu cinema quase sempre prosaico. Um dos personagens centrais é um poeta um tanto patético que presume estar prestes a morrer. Ele se hospeda no tal hotel (estranhamente chamado “Heimat”, ou “pátria” em alemão) e convoca a visita dos dois filhos para uma espécie de despedida.
Ali também se hospeda uma jovem recém-abandonada pelo amante casado, cuja depressão é amenizada pela visita de uma amiga querida. Esses dois pequenos núcleos, mais uma jovem atendente do hotel, são as únicas pessoas à vista no quadro minimalista que Sang-soo desenha, como riscos de nanquim, sobre a neve do inverno.
Como em todos os seus filmes, existem as questões existenciais e os fetiches formais. Quanto às primeiras, temos a desarticulação da família do poeta, que se reflete nos desencontros entre ele e os filhos (mesmo durante esse breve encontro) e nas queixas recíprocas entre os três. Do lado das moças, reinam o carinho mútuo e a sororidade diante do abuso costumeiro dos homens. As mulheres convergem, os homens divergem, parece dizer-nos Hong Sang-soo. Elas são maduras; eles, infantis, mesmo quando mais velhos.
No âmbito formal, prevalecem os jogos de paralelismos e diferenças que caracterizam o trabalho do diretor sul-coreano. Através do poeta, de um dos filhos que é diretor de cinema e de uma coincidência ligada a um carro, os dois núcleos se tangenciam aqui e ali. Nessas ligeiras intercessões, o velho poeta deixa transbordar sua admiração pela juventude e a beleza das moças. É como um canto de cisne de alguém que tentou passar a vida entre o paraíso da poesia e o comezinho do cotidiano.
O HOTEL ÀS MARGENS DO RIO está disponível a preço promocional na plataforma digital Belas Artes a la Carte, onde também estão outros dois filmes de Hong Sang-soo, A CÂMERA DE CLAIRE (2017) e O DIA DEPOIS (2017).
Eu também gostei muito de tudo. O Andreas não gostou, mas depois de ler sua resenha e ele disse gostou mais! Kkkkkkkkkk
Ô capacidade!
Hahaha, se fiz ele gostar um pouquinho mais, então missão cumprida!
Ele disse q vc “explicou tudo”… 😂 Eu disse q ia te contar!
Gostei muito do filme, acho que mais do que vc. Nunca vi neve tão bonita. 50 tons de branco.
Você é muito sensível à neve, Susana, kkkkk