OS MORTOS NÃO MORREM no streaming
Esta é mais uma fantasia apocalíptica produzida nas franjas de Hollywood. Passa-se na pequenina cidade fictícia de Centerville, onde de repente os celulares se descarregam, a noite demora demais a chegar e os animais domésticos viram selvagens. A Terra saiu do eixo, diz a TV, e, como não se cansa de alertar um policial, “isso ainda vai acabar mal”. Pior ainda quando os mortos começam a sair das tumbas e vagar pelas ruas como zumbis à procura de carne humana, café, chocolate, chiclete e outras guloseimas.
Em Os Mortos Não Morrem (The Dead Don’t Die), Jim Jarmush volta a exercitar seu humor ao mesmo tempo cool, lacônico e mórbido numa crítica bastante pueril à sociedade de consumo. De passagem, satiriza a canção country homônima de Sturgill Simpson, recorrente em vários momentos, assim como os bordões dos policiais vividos por Bill Murray, Adam Driver e Chloë Sevigny. Mas a verdade é que quase nada funciona bem no filme. Até as referências de metalinguagem soam como piadas de principiante. Um subplot de três adolescentes detidos numa prisão juvenil fica completamente perdido no roteiro.
O apocalipse zumbi de Jarmush só deve agradar à garotada ainda pouco familiarizada com o gênero. Seria um filme sem vida (perdão pelo jogo de palavras) se não fosse o elenco de amigos reunidos para a brincadeira. Tom Waits faz um ermitão antenado com tudo o que se passa. Tilda Swinton encarna Zelda Winston, uma agente funerária zen com raízes relativamente surpreendentes. O roqueiro Iggy Pop e a pioneira cineasta independente Sara Driver são os primeiros mortos-vivos a deixar a eterna morada. Steve Buscemi faz um fazendeiro racista e Danny Glover, um coroa gente boa que merece ser poupado da carnificina.
De certa forma, é um filme para cinéfilos condescendentes, que podem se divertir pela familiaridade com as entradas e saídas (geralmente com as cabeças decepadas) de um punhado de gente querida.
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