Meu vídeo da viagem a Cape Town em 2011
Não estou bem seguro, mas arrisco dizer que a Cidade do Cabo é a mais bonita e moderna metrópole do continente africano. Frequentemente comparada com o Rio de Janeiro em matéria de beleza natural, a comparação só procede no que toca à Zona Sul carioca e aos arredores litorâneos. De resto, é bem mais charmosa e agradável.
Uma primeira e ampla impressão de Cape Town é com a subida no teleférico da Table Mountain, o “Pão de Açúcar” de lá, de onde se descortina um panorama extraordinário de mar, cidade e montanhas. Capital legislativa, cultural e turística da África do Sul, Cape Town tem sua área metropolitana encravada numa espécie de concha entre montanhas imponentes e um mar resplandecente.
Os bairros se estendem por vias amplas e arejadas, preservando características próprias da história da cidade, que passou por dominações britânica e holandesa. A área de Bo-kaap, por exemplo, antigamente povoada por escravos malaios, é um enclave muçulmano de casas multicoloridas que alegram a vista.
Desde que foi nomeada capital mundial do design em 2014, Cape Town tem atraído o interesse de designers, arquitetos e artistas de várias latitudes. O centro da cidade, cujo coração bate na famosa Long Street, ostenta um verdadeiro portfólio de arquitetura que inclui sobrados com varandas de ferro batido e prédios nos estilos eduardiano, art-déco, Cape Dutch e neoclássico. O Castelo da Boa Esperança é um exemplo de fortificação colonial que mantém uma singela tradição de troca da guarda.
A quantidade de áreas reservadas à diversão, comércio ao ar livre e alimentação confere à cidade um ar relaxado e convidativo. Músicos de rua se apresentam por todo lado. Partindo do complexo de diversões do Victoria & Alfred Waterfront, a orla do Atlântico é uma sucessão de praias majestosas que nada ficam a dever às similares cariocas. Da mesma forma, o cenário das cordilheiras, com destaque para a cadeia de montanhas conhecida como “Os 12 Apóstolos”, deve causar tanto ou mais deslumbramento que os morros do Rio para quem chega pela primeira vez.
Outra semelhança irônica com a nossa “Cidade Maravilhosa” são os favela-tours oferecidos pelas companhias de turismo, junto com passeios às vinícolas e ao Cabo da Boa Esperança. Entre constrangidos e curiosos pelas possíveis semelhanças, eu e Rosane fizemos uma visita à favela Imizamo Yethu, na entrada da Mandela Road. Em muitos momentos, era impossível distinguir entre o que fosse a vida regular dos moradores e a estrutura montada para receber visitantes. Inclusive o coro de crianças que cantavam uma música evangélica.
Os sinais do passado de apartheid estão visíveis no District 6, uma grande área de terrenos baldios de onde todo um bairro residencial de negros foi removido à força nos anos 1970. O District 6 Museum é um comovente memorial da segregação violenta.
Vejam o vídeo dos três dias que passamos na Cidade (maravilhosa) do Cabo. Para quem quiser ir a pontos específicos, destaco os seguintes:
0:00 – Chegada e Long Street
7:13 – District 6
10:30 – Table Mountain
16: 28 – Greenpoint, Company’s Garden e St. George’s Mall
19:55 – Catedral de St. George e a African Madonna
21:38 – Cine Labia, passeata de rua e Greenmarket Square
23:58 – Castelo da Boa Esperança
28:17 – Victoria & Alfred Waterfront
34:16 – Bo-kaap
38:57 – Favela Imizamo Yethu
44:13 – A bela orla: mar e montanhas
Você é um cicerone tão bom, mas tão bom, que me fez ter vontade de conhecer Cidade do Cabo, destino do qual pouco sabia e que nunca despertou meu interesse. Nada como visitar um lugar por meio do seu olhar, cada vez mais afiado. Como é bom viajar! E como sinto falta de fazer as malas!
Um olhar só se completa quando encontra outro tão sensível. Não poder viajar está sendo muito duro.