Não revi Minha Terra, África depois do Festival do Rio de 2009. Mas acho que dificilmente mudaria minha opinião sobre o filme e o estilo da diretora Claire Denis. Mesmo que isso me custe a pecha de crítico careta. Aí vai meu breve comentário de setembro de 2009:
Mais um filme de Claire Denis, e aqui estou eu incapaz de apreender as virtudes tão decantadas por parte considerável da crítica nacional e internacional. Senti-me como a personagem de Isabelle Huppert, perdido numa nuvem de indeterminação, entre os fogos de uma guerra que não compreendo. A África de Denis é um lugar sem tempo nem espaço definidos. A família da francesa Maria é um emaranhado de relações obscuras e irrupções emocionais estapafúrdias. Sua obstinação em concluir uma colheita de café a coloca no centro de um conflito íntimo e político, do qual obtemos apenas indícios desordenados que bloqueiam qualquer identificação ou análise. Restam o estilo rebuscado, a recusa esnobe da linearidade, a deliberada artificalidade de sempre, o mutismo solene, as poses afetadas. White Material ainda sofre de uma estranha alternância entre os piores maneirismos do filme-de-arte e momentos quase grotescos na caracterização dos africanos em luta. Tive vontade de, ao contrário de Maria, fugir no primeiro helicóptero.