Abriu ontem na Caixa Cultural RJ a Mostra Rosemberg 70 – Cinema de Afeto. Serão exibidos a partir de hoje (quarta) oito longas e 33 curtas de Luiz Rosemberg Filho (veja o site). Dois longas serão lançados em DVD: O Jardim das Espumas e Crônica de um Industrial, que estão entre os mais importantes trabalhos de Rosemberg. Haverá, ainda, pré-estreias do seu mais novo longa, Dois Casamentos, gestado depois de 30 anos se expressando somente através de vídeos de curta metragem, colagens e textos. Cavi Borges tem sido o principal responsável por esse revival Rosemberg, mas nada disso estaria acontecendo se o próprio Rô, na flor dos 72 anos, não estivesse jovial e disposto para iniciar uma nova fase em sua carreira.
Rosemberg 70 – Cinema de Afeto é também o título do documentário que Cavi Borges e Christian Caselli realizaram com e sobre Luiz Rosemberg Filho, exibido na noite de abertura e a ser reprisado nos dias 21 e 26. O doc é bem mais que um perfil de cineasta. É um diálogo que se estabelece entre duas gerações abertas à invenção e à livre manipulação do material cinematográfico.
Logo no início vemos o célebre close do Cidadão Kane pronunciar “Rosemberg” em lugar de “Rosebud”. É uma espécie de senha para o estilo de colagem e reapropriação de imagens que o filme coloca em sintonia com o próprio trabalho de Rosemberg. As colagens de Rô ganham vida na animação de Caselli e contaminam a estruturação dos materiais, sejam eles fotos ou cenas de filmes. Sempre em off, Rosemberg fornece pitadas de sua biografia e, mais que tudo, não se furta a descrever, comentar e contextualizar seus principais filmes. Fala de sua influências, confessa o “defeito” de gostar de musicais americanos e insere suas habituais perorações contra o império do trabalho obrigatório, do consumo, das religiões, da televisão idiotizante, etc. A defesa de uma forma de vida livre dessas amarras se reflete no caráter de contestação de sua obra, tanto na forma quanto no conteúdo.
Dinâmico, atraente e fluente, o filme de Cavi e Christian vale como uma esplêndida introdução ao universo rosemberguiano. Acaba de nascer e já virou item de primeira necessidade.
Veja abaixo a reportagem da abertura da mostra por Fabricio Duque e seu Vertentes do Cinema:
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