BORAT: FITA DE CINEMA SEGUINTE, que inclui Bolsonaro entre os vilões mundiais da atualidade, tem diversas cenas em que Sacha Baron Cohen se arrisca ao contracenar com figuras reais da direita americana. Numa delas, apronta um escândalo em conferência do vice-presidente Mike Pence usando um disfarce de “McDonald Trump”. Em outras, caracterizado como Borat, supostamente convive por vários dias com dois ultradireitistas adeptos de teorias da conspiração, mas isso é difícil de engolir por conta da presença da equipe de filmagem.
A sequência mais famosa do filme, porém, não deixa dúvidas. A ótima atriz búlgara Maria Bakalova, disfarçada de jornalista menor de idade, flerta com Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York e advogado e cão fiel de Trump, durante uma suposta entrevista para a TV. Giuliani responde aos flertes, toma uísque, entra num quarto de hotel com a moça, apalpa-a e chega a deitar-se na cama (foto) para ser subitamente interrompido pela entrada de Cohen em calcinhas e sutiã vermelho: “Poupe minha filha e leve meu ânus, ele é bem apertado”, grita para espanto do velho flagrado.
O que mais impressiona na cena, além da ousadia de Sacha e Maria, é a incúria de Giuliani, induzida pela libido e a segurança de quem sabe ter muito poder. Não precisava ter visto as cenas anteriores do filme para perceber que a repórter era fake, o técnico de som era uma caricatura grosseira vivida pelo próprio Cohen e o convite para o quarto estava com toda pinta de ser uma pegadinha (ou melhor, uma pegadona). Mas esses machos predadores e soberbos como Giuliani costumam ser também perfeitamente estúpidos.
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