6 para ver
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É filme de uma coragem autoral extrema, semelhante à de Nagisa Oshima em O Império dos Sentidos. Coragem que se estende à atriz Charlotte Gainsbourg, aqui exposta como poucas estrelas do cinema mainstream.
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“Exposição é o que importa. O resto é conversa”, diz o personagem de Willem Dafoe. Ele fala por Lars Von Trier. A volúpia da exposição responde pela forte sensorialidade de um filme para ser visto com olhos atentos e vísceras sob controle.
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Para quem conhece um pouco da Bíblia, de Hieronymus Bosch e de mitologia medieval, as referências vão fazer mais sentido.
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Num confronto extremo entre razão e perversão, é bom ver um desfecho que não pende exatamente para nenhum dos dois lados. A crueldade da natureza parece não ter fim. Como no prólogo, a todo êxtase corresponde uma queda.
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Há beleza de sobra nas imagens e nos sons de Von Trier, elevando o vocabulário do terror e do fantástico à potência do filme de arte.
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Mais um estupendo personagem feminino na obra do diretor, onde não faltam mulheres vitimadas, algozes ou as duas coisas ao mesmo tempo.
4 para não ver
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A violência e as mutilações explícitas exigem estômago forte. Nem todo mundo controla a consciência quanto às trucagens de cinema.
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Para quem já não aprecia Lars Von Trier, este filme pode reforçar a impressão de que ele quer chocar o público deliberadamente. Terror sexploitation, como quer meu amigo Luiz Fernando Gallego.
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A recorrência das imagens de penetração, ligadas ao medo e à violência, podem levar o espectador mais vulnerável a uma abstinência sexual prolongada.
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Não há uma ponta de humor, a não ser o riso nervoso que me provocou uma certa referência à chave inglesa.
Achei o desempenho do Dafoe a melhor coisa do filme, mas como terapeuta o personagem também leva bola preta: não me identifico nada com ele e com aquela… hmmm…técnica, digamos. Quase acho que ele mereceu o que sofreu… Ou seja, o filme ainda estimula nossos impulsos sádicos… 🙂
Grato pela menção a um discordante – é um democrata nato esse Carlinhos – apesar da evidente maioria dada de 6 razões (e 4 estrelas!!!) para ver e apenas 4 para não ver este horror (em todos os sentidos). Abraço (com bola preta de quebra) “xará”.
Gallego, você é suspeito para avaliar um filme em que um terapeuta é tão maltratado 🙂