O cinema é verde no Irã

Green DaysNa crise que se seguiu à reeleição de Ahmadinejad no Irã, o cineasta mais popular do país, Mohsen Makhmalbaf, tornou-se porta-voz oficial do candidato derrotado, Mir Hossein Moussavi, no exterior. Agora sua filha Hana vai levar ao Festival de Veneza o filme que pode sintetizar a luta dos “verdes” (esta é a cor da campanha de Moussavi).

O docudrama Green Days foi rodado nas ruas de Teerã durante as eleições. Conta a história de Ava, uma moça deprimida pelo passado político recente do Irã. Ela consulta um psicanalista, que lhe sugere lavar escadas e trabalhar numa peça. Mas o espetáculo, que lidava com a realidade social, é proibido. Ava está perto do fundo do poço quando chegam o processo eleitoral e a oportunidade de votar contra o atual presidente. Ava sai para as ruas em busca de novas esperanças. O drama, então, se mescla com o documentário das eleições, à moda – deduzo – do Patriamada de Tizuka Yamasaki.

“Eu não sou uma socióloga, mas meu filme é sociológico. Minha câmera funciona como um espelho para mostrar a sociedade iraniana vivendo uma revolução com todas as suas esperanças e dúvidas”, afirma Hana, 20 anos. A moça é um prodígio de hereditariedade precoce. Aos 9 anos, já era convidada pelo Festival de Locarno com um vídeo sobre sua avó. Aos 14, chegou a Veneza com o doc Joy of Madness, making of de um filme da irmã mais velha, Samira. Com 17 anos, ganhou 22 prêmios internacionais pela ficção Buddha Collapsed out of Shame.

Depois das tumultuadas eleições de junho, Hana teve que deixar o país para escapar da perseguição política. A onda verde de oposição a Ahmadinejad continua forte no meio cinematográfico iraniano. Agora mesmo, 142 cineastas assinaram um apelo de boicote ao festival Cinema Verité, organizado pelo Centro de Cinema Documentário e Experimental do Irã. Com isso, pretendem denunciar as restrições sofridas nos últimos meses para documentar os eventos políticos do país. O apelo termina assim: “Devido ao nosso compromisso e respeito para com a verdade e a realidade, tomamos a decisão de não participar do próximo festival, seja como cineastas, críticos ou espectadores”.

2 comentários sobre “O cinema é verde no Irã

  1. Eu vi o Joy of Madness e achei curioso. Só que ao que tudo indica, o Mohsen é que deu todas as diretrizes. Quero ver se ela tem talento agora quando já está um pouco mais velha. A irmã, Samira, só piora a cada filme.

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