Taí a pílula que escrevi sobre Vício Frenético, de Werner Herzog, no último Festival do Rio:
É preciso dar uns 15 minutos para sintonizar-se com a proposta de Werner Herzog nesse filme surpreendente sob todos os aspectos. O que a princípio soa ridículo e caricato aos poucos ganha foros de sátira ao policial hollywoodiano e à dramaturgia da redenção. Reinvenção do thriller homônimo de Abel Ferrara, tem mais humor, veneno e loucura que o original. Herzog encontrou em Nicolas Cage seu novo Klaus Kinski: postura de Nosferatu, cabelo do próprio Herzog, pique doidão de Cage mesmo. O tenente que usa o poder policial para alimentar sua dependência química e saldar suas dívidas de jogo é aqui uma bomba sempre prestes a explodir. E como estamos em território herzoguiano, não faltam visões de iguanas (filmadas pelo diretor), jacarés atropelados e almas dançando após um tiroteio. O mais inesperado, porém, é o humor impudente, quase tarantinesco, que Herzog imprime em todo o filme, com alguns momentos definitivamente antológicos. ♦♦♦♦
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