No Canal Brasil, a Mostra Eduardo Coutinho traz hoje (domingo) às 19h o documentário Edifício Master, realizado em 2002. Abaixo, o texto da minha apresentação.
Através de conversas com 25 moradores do prédio, escolhidos a dedo numa pesquisa prévia, Eduardo Coutinho nos oferece um retrato espiritual de Copacabana, sem que suas câmeras mostrem uma única imagem externa do bairro. Nada de ruas, lojas, calçadas ou multidões. Copacabana aparece nas falas dos entrevistados, sob a forma de relatos de assaltos, fobias, comércio sexual etc. O bairro está, sobretudo, na possibilidade de reunião, num único endereço, de um grupo humano tão diversificado, com histórias e projetos de vida tão heterogêneos.
Embora limitado a esse pequeno espaço, Coutinho rejeitava a ideia de que estava fazendo um filme sobre a classe média carioca, nem mesmo sobre Copacabana. Como sempre em seus filmes de encontros com pessoas comuns, ele estava interessado na individualidade, naquilo que cada personagem tinha de exclusivamente seu.
Não havia a intenção de flagrar verdades absolutas sobre aquelas pessoas. As fantasias e eventuais mentiras de cada uma eram recebidas como fabulações de si próprias, uma espécie de verdade profunda que todos nós revelamos quando fazemos um teatro de nós mesmos diante dos outros. Ou de uma câmera, no caso.
O pessoal do Master canta, declama, exibe suas pinturas. Assim sendo, que ninguém espere meros flagrantes da vida nos minúsculos apartamentos de Copacabana, mas confissões comovidas, declarações vaidosas, almas que se ocultam ou se mostram aos poucos, ao ritmo das conversas com o realizador. O assunto do filme é a vida privada na grande cidade, o apartamento como último refúgio de indivíduos submetidos ao exercício estressante de olhar e ser olhado.
Olá Carlos! Obrigado por mais esta dica. Procurarei “filar na casa do vizinho”. AGORA: é um acinte que o doc. do Carlos Nader tenha ficado “uma semana em cartaz em SP”. Claro nós osasquenses, ou melhor paulistas, não vimos. E nosso conterrâneo (…) ficou/ ficará marcado apenas em sua morte. Então que descanse em paz! E, mais uma vez (!) atrasado: c/ “São Silvestre” Lina Chamie de fato errou a mão, Conforme um de seus posts anteriores “Gotas nas lentes”.Cheguei ao exagero (…) de vaiar ao final da sessão.
Grato pelo feedback, Rui. No Rio o filme do Nader sequer passou ainda.