MEU PAI no streaming a partir de 9 de abril
São muitos os filmes sobre o avanço inexorável da Alzheimer e os reflexos sobre parentes e cuidadores. De Julie Christie em Longe Dela a Laura Cardoso no curta brasileiro Clarita, há sempre a dependência de um(a) intérprete que dê conta da desorientação e da angústia da vítima. Em Meu Pai (The Father), Anthony Hopkins parece inexcedível nas minúcias de voz, gestos e olhares perante o caos perceptivo do personagem. Difícil imaginá-lo perdendo o Oscar, mesmo para o apelo póstumo de Chadwick Boseman que já levou o Globo de Ouro.
Mas o que distingue especialmente esse filme é o lugar onde coloca o espectador. Durante quase todo o tempo, estamos dentro da cabeça e dos sentidos de Anthony. Do seu ponto de vista é que assistimos aos rostos irreconhecíveis das pessoas próximas, à confusão de informações, à repetição de sensações e às contradições promovidas pela mente deteriorada. No fundo, nada mais é que um truque narrativo para nos fazer experimentar os efeitos da doença. Um truque bem usado, sem dúvida, já que nos obriga a procurar pontos de segurança, tal como o náufrago Anthony se agarra à boia do seu relógio de pulso. A dúvida quanto ao caráter subjetivo ou objetivo do que vemos e ouvimos faz toda a diferença na abordagem do assunto.
O drama tangencia ora a comédia (sejamos francos: como não rir com certas situações da Alzheimer?), ora o filme de terror, na medida em que a paranoia se instala na psique de Anthony. De resto, Meu Pai é teatro filmado de qualidade, baseado na peça multipremiada do próprio diretor Florian Zeller com o concurso do mestre Christopher Hampton na adaptação.
>> MEU PAI estará a partir de 9 de abril nas plataformas Now, Itunes e Google Play
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Eu já estava com vontade de ver, agora então…
Veja mesmo e depois nos diga o que achou