Embora o título possa sugerir uma metáfora sobre nossa situação atual, o evento Faz Escuro, mas Eu Brinco tem sentido um pouco mais literal. Refere-se ao escuro do cinema e à infância dessa arte que domina nossa cultura há mais de um século.
Começa amanhã, 26 de abril, no Sesc Madureira, mas tem perfil convidativo para circular por outros pontos da cidade. As responsáveis são as bravas guerreiras do Cineduc – Cinema e Educação, lideradas por Marialva Monteiro, Elisabete Bullara, Isabel Paranhos e Cristina Miranda. Há cinco décadas essa turma sabe transformar a educação cinematográfica numa atividade lúdica e esclarecedora para crianças e adultos ao redor.
“Inspiradas no amazonense Thiago de Mello com o seu poema Faz Escuro, mas Eu Canto, criamos essa exposição interativa com o objetivo principal de juntar lazer, conhecimento, vivência e ciência”, afirmam as organizadoras. E prosseguem:
“Muitos desconhecem o início da história do cinema, que está ligado à história da Humanidade no século XIX, com o advento das máquinas em velocidade, da locomotiva, do barco a vapor.
As crianças têm um mundo à sua volta com vários avanços das tecnologias da comunicação, mas não sabem como tudo começou. A exposição dá a possibilidade de viver a experiência de voltar no tempo e compreender tudo isto de forma lúdica, desenhando e brincando.”
Quem for ao Sesc Madureira poderá entrar numa grande câmara escura e entender a invenção da fotografia. Além dessa experiência imersiva, os visitantes terão contato com uma série de brinquedos óticos, como taumatrópio, zootrópio, fenaquistoscópio e outros. São aparelhos que possibilitam a compreensão de seu funcionamento – transformar uma imagem fixa em animada – ao mesmo tempo em que nos maravilham com a ilusão do movimento. No jogo entre real e ilusório, esses “brinquedos óticos” contribuíram na formação do espectador moderno para a chegada do cinema e hoje podem ser utilizados para a compreensão da história da imagem cinematográfica.
A exposição vem se juntar às comemorações do cinquentenário do Cineduc, completado em 2020. Nesse período, mesmo lidando com dificuldades financeiras, falta de patrocínio e de plena continuidade, o Cineduc dedicou-se à formação de crianças, jovens e educadores para uma melhor utilização dos meios audiovisuais e uma leitura mais crítica das imagens que nos cercam.
É desse be-a-bá sobre a origem da mais importante das artes, o Cinema, e que viria a revolucionar o planeta, desde o seu surgimento, no final do século XIX, que o público jovem hoje mais carece. Não apenas para incentivá-lo a fruir da magia da Sétima Arte, mas, também, para estimulá-lo a desenvolver essa deliciosa paixão, que até poderá mobilizá-los a serem futuros realizadores, em todas as etapas que um artefato artístico da espécie demanda, seja na elaboração de filmes caseiros, profissionais, documentários, etc. Não é à toa que a Cinémathèque Française, de Paris, criada em 1935 por Henri Langlois, se mobiliza exemplarmente, o ano inteiro, oferecendo expressiva parcela de sua programação para o “Jeune Public”. Além de seu espetacular acervo permanente sobre a História de Cinema, a ser visitado por todos, em seu Museu do Cinema, ela conta com uma programação normal criteriosa, exibindo filmes do mundo todo, mas também apresenta debates e exposições em homenagem a grandes diretores, artistas e outras figuras de destaque, ligadas ao Cinema, em sua esplêndida sede de Bercy. Ela abre as portas, igualmente, o ano inteiro, aos jovens curiosos na descoberta do Cinema e seus segredos, através de uma cuidadosa programação, voltada para todos os tipos de filmes, dos mais raros ao grandes clássicos, sob a forma de ciclos temáticos, para os quais também são convidados diretores, atores, roteiristas e técnicos, para dar cursos e revelar aos jovens os segredos dos bastidores do “écran”. Os filmes são especialmente voltados para atrair esses jovens e albergam uma variedade incrível de temas, podendo exibir de desenhos animados de Walt Disney a criações artísticas de Norman McLaren, de maravilhas de Buster Keaton ao humor de Laurel & Hardy, de delícias de Chaplin a um Far West com John Wayne, de fantasias de Jacques Tati a tesouros de Lumière. Parabéns, meninas do CINEDUC, por essa importante Exposição. Vocês são demais! Pra mim, com essa “parada” magnífica no SESC-Madureira, já levaram pra casa um merecido Oscar (e sem risco de tapa na cara, esclareço). Viva!
Que maravilha! Imagino as crianças (de todas as idades) conhecendo as origens de um mundo que continua a ser um mistério, apesar de ser parte do cotidiano de todos. Parabéns, bravas guerreiras do Cineduc!
Excelente o seu texto. Grata pela divulgação! A exposição vai BOMBAR!
Que bombe mesmo!!!