O que têm em comum Cléopatra, Salomé e a Lola Lola de O Anjo Azul? Ou Betty Blue, Barbarella e a Camila de Nome Próprio? São todas mulheres “intensas, passionais, tempestuosas e vulneráveis”, no entender de Julio Cesar de Miranda, da saudosa locadora Polytheama. Ele é o curador da mostra Mulheres Alucinadas, que ocupa o Cinema 2 do CCBB-Rio a partir desta terça-feira.
Por trás dessa seleção há o apelo da personagem feminina exaltada, desestabilizadora, epítome do desejo erótico e dos dilemas morais da plateia. Um apelo muito caro ao cinema desde sempre. Edison já sabia disso ao filmar suas bailarinas alvoroçadas que pré-lançaram o voyeurismo cinematográfico. Depois que Almodóvar se projetou internacionalmente, firmou-se até a expressão “mulheres à beira de um ataque de nervos” para caracterizar essas criaturas em estado alterado. O filme dele, é claro, está na programação.
Marlene Dietrich, Bette Davis, Louise Brooks e Isabelle Huppert estão no fantástico elenco da mostra, que também abre alas para filmes de Bergman (Persona), Alexander Kluge (Trabalhos Ocasionais de uma Escrava) e Lars Von Trier (Anticristo). As exibições em DVD vão incluir filmes mais raros como o húngaro O Amor, de Károly Makk, Lua de mel de Assassinos, de Leonard Kastle, e A Garota da Fábrica de Caixas de Fósforos, de Aki Kaurismäki.