Finalmente vi Rita Cadillac – A Lady do Povo. É escancarada a diferença em relação ao Alô, Alô Terezinha, do Nelson Hoineff. Isto porque Toni Venturi, ao colar no perfil de uma única ex-chacrete, optou pela narrativa biográfica. Mas não vi nessa escolha um redutor, como afirma minha amiga Patricia Rebello em sua resenha no site Críticos.
Hoineff, em seu painel, procurou o lado performático das reboladeiras e dos ex-calouros. Fez um filme divertido e coerente com sua proposta: revelar uma certa continuidade no perfil daquelas pessoas desde a época da Discoteca do Chacrinha até hoje. Venturi, porém, investiu na dualidade inerente à figura de Rita de Cássia/Rita Cadillac. O filme busca uma espécie de auto-análise, em que ora é Cássia que reflete sobre Cadillac, ora é Cadillac que se sobrepõe a Cássia. Desse olhar em mão dupla nasce a identidade do documentário.
Rita aparece engraçada, sensual, elegante, inocente, humana, às vezes quase carola na má consciência sobre os tempos loucos de garota de programa e atriz pornô. Com carinho e respeito, o filme abre uma janela para Rita expor suas contradições (se é que há mesmo contradições entre a vamp dos palcos e a dona de casa) . Surge daí um retrato de mulher bastante interessante.
Pingback: Toni Venturi on demand | carmattos