Num texto de Randal Johnson incluído no livro Cinema e Mercado (org. Alessandra Meleiro, 2010), encontro informações curiosas sobre a recepção de filmes brasileiros da retomada no mercado americano. Johnson os colheu no site Box Office Mojo, onde fui agora buscar sua atualização. Em termos de renda de bilheteria, o campeão é mesmo Cidade de Deus (US $7,5 milhões), seguido de Central do Brasil (5,6 milhões). Eles são os únicos a figurar entre os 100 primeiros (28º e 49º respectivamente) num universo de 973 filmes estrangeiros lançados nos EUA desde 1980, dos quais 18 eram brasileiros.
Até aí, nada que o imenso prestígio dos filmes de Fernando Meirelles e Walter Salles já não prenunciasse. As surpresas começam com a constatação de que o rastro de Central não foi muito fértil para Abril Despedaçado, que ficou em 635º lugar, com meros 64 mil dólares. Mais chocante ainda é a posição de Tropa de Elite, a de número 868, com renda de apenas 8,7 mil e lançado em somente uma sala. Ou seja, nem o Urso de Ouro em Berlim, nem a polêmica brasileira em torno do filme contribuiu para um lançamento mais expressivo nos EUA. Isso contrasta com a performance de outro filme de José Padilha, o doc Ônibus 174, que arrecadou US$ 217 mil. O desempenho americano de Elite Squad foi bem inferior a filmes “menores” como O Céu de Suely e A Casa de Alice.
Randal Johnson apurou também a avaliação da crítica especializada através do site Rotten Tomatoes. Aqui também, atualizei os dados. No ranking do “tomatômetro”, Ônibus 174 desponta como o brasileiro favorito dos críticos americanos, com uma raríssima aprovação de 100% apurada entre 69 críticos. Em segundo lugar vêm Central do Brasil e Antonia, de Tata Amaral, com o índice de 93% (entre 44 e 15 críticos, respectivamente). Cidade de Deus aparece em seguida, com 92% de resenhas positivas entre 146 críticos.
Tropa de Elite levou pau também nas reviews. Com o percentual de 53% no “tomatômetro”, foi um dos filmes brasileiros pior avaliados, igualando-se a O Que é Isso Companheiro?, de Bruno Barreto, e só perdendo para Orfeu, de Cacá Diegues (31%).
Muito bom o post! Gostei.
“Tropa de Elite” é mesmo um filme sub-americano de ação do tipo “desejo de matar”. Para o americano médio, nada de novo. Todos ruins, moralmente, eticamente e memso cinematograficamente.
Decepcionante esta estatística. Com relação a “Tropa de Elite”, a estatística do IMDb mostra que 18790 usuários votaram (média 8.0), sendo 15721 não-norte americanos (média 8.1) e apenas 1360 norte americanos (média 6.7). Ver:
http://www.imdb.com/title/tt0861739/ratings
Obrigado pelo adendo, Claudio.