Do luto à luta
Maria Medianeira flagrou o marido com outro homem em sua cama. Silvia por algum tempo desconfiou que o esposo tinha uma amante. Rosária levou dez anos para descobrir que seu companheiro era usuário de drogas. Todas perderam o parceiro para a AIDS e ficaram elas mesmas infectadas. Positivas vai ao encontro de seis mulheres como essas, que contraíram o HIV num relacionamento fixo, tido como seguro e moralmente “adequado”.
A atitude da diretora Susanna Lira é tão simples quanto a de visitar e ouvir histórias. O trabalho foi facilitado pelo fato de que todas as personagens, embora de cinco estados diferentes, militam em organizações de esclarecimento sobre prevenção e combate ao preconceito, dentro do marco do Movimento Nacional das Cidadãs Positivas. Isso lhes dá a capacidade de expressão necessária a um relato vivo de como passaram do “luto” inicial à luta por reescrever a própria vida e ajudar outras pessoas em situação semelhante.
Positivas é filme que rende melhor em exibições dirigidas a públicos específicos, com vistas a disseminar aquelas experiências, suscitar o debate e empoderar plateias. Isso tem sido feito com frequência, como se vê no blog do filme. A franqueza das “positivas” nos depoimentos diretos é mais atraente que as tentativas de flagrar sua intimidade em família ou no trabalho.