Utopia realizada
Na pequena aldeia de Budrus, perto da fronteira entre Israel e a Cisjordânia, pode-se dizer que uma utopia se concretizou. A comunidade palestina, através da resistência pacífica, obrigou Israel a afastar o Muro de Segurança e preservar a integridade de seu território. O caráter “utópico” está na maneira como isso aconteceu: mediante a união dos líderes locais do Hamas e da Fatah, mais a participação de israelenses progressistas e ativistas internacionais.
Essa convergência de consciências, única forma de propiciar harmonia à região, aconteceu em Budrus e se propagou a outras localidades dos territórios ocupados. A diretora brasileira Julia Bacha, integrante da organização internacional Just Vision, testemunhou os acontecimentos e integrou ao seu filme materiais gravados por diversos ativistas. Algumas cenas de refregas entre soldados e resistentes são de tirar o fôlego. Budrus tem um roteiro exemplar, que articula muito bem as ações lideradas por Ayed Morrar e as reflexões de personagens envolvidos nos dois lados do conflito.
Com lançamento nos EUA previsto para 8 de outubro e já tendo passado pelo É Tudo Verdade deste ano, Budrus vem se consagrando como um dos docs mais premiados internacionalmente na temporada. Não merece menos. É um filme que escapa ao sensacionalismo e ao sentimentalismo comumente encontrados nesse gênero de documentário. Mas nem por isso deixa de ser épico.