Abre hoje (segunda) à noite e começa amanhã para o público o Cinesul – Festival Ibero-americano de Cinema e Vídeo (veja o site do evento). Dos filmes programados este ano, já tive oportunidade de ver alguns, e passo a vocês minhas impressões e links de resenhas:
Update: Walachai, de Rejane Zilles. Depois de fazer um curta a respeito de um velho imigrante que escrevia a história de sua região gaúcha em cadernos pautados, Rejane partiu para este longa sobre o Walachai, onde se fala um dialeto já em desuso até na Alemanha e o Brasil parece num dos limites de sua identidade. A diretora, nascida lá, tem a sensibilidade e o talento suficientes para nos fazer mergulhar naquele lugar.
Babás, de Consuelo Lins. Um curta já antológico, super-premiado, que parte de uma história pessoal para levantar a cortina de sobre o hábito colonial brasileiro de famílias brancas contratarem babás negras. Quando estive recentemente no Museu do Apartheid, em Joanesburgo, vi que o tema é importante também na África do Sul. Consuelo não disfarça uma certa influência de Santiago, de João Moreira Salles, o que só beneficia seu meditativo e ao mesmo tempo incisivo doc.
A Dama do Peixoto, de Douglas Soares e Allan Ribeiro. Outra pérola de curta duração e longa ressonância. Douglas e Allan constroem pela ausência o perfil de uma mulher misteriosa que frequenta uma praça no Bairro Peixoto. É desses filmes que se impõem pelo rigor do dispositivo e criam uma relação intrigante entre personagem e espectador.
Los Minutos, las Horas, de Janaína Marques Ribeiro (Cuba/Brasil). Uma direção firme e uma linguagem sintética magnetizam o nosso olhar para a história de uma mulher comum em busca do amor na Havana de hoje. Esse curta também já colheu prêmios em diversos festivais pelo mundo.
O Gigante do Papelão, de Barbara Tavares. Perfil conciso e eficiente de Sergio Cezar, um miniaturista engenhoso que constrói favelas e paisagens urbanas em papelão. A junção de arte e bons propósitos sociais pode soar oportunista, mas aqui existe uma fagulha de sinceridade que não nos deixa indiferentes.
Angeli 24 Horas, de Beth Formaggini. Um dos melhores retratos de cartunista que já vi no cinema. Leia a resenha.
Os Representantes, de Felipe Lacerda. Um bom mergulho na política à moda amazônica. Confira a resenha.
Claudia, de Marcel Gonnet Wainmayer (Argentina). Interessante revisão de uma personagem da crônica policial argentina. Veja a resenha.
Na Trilha do Bonde, de Virgínia Flores. Viagem poética aos trilhos dos bondes cariocas de outrora. Leia a resenha.