Pílulas na rede 10

Pequenos comentários que faço nas redes sociais e posto aqui para os que não passam por lá:

Rejeito tanto o “ar superior” dos que não viam AVENIDA BRASIL, como o deslumbramento dos que acham que ver novela é fundamental para “entender o país”. Acho que essa novela colou porque soube usar bem a estrutura do folhetim, era muito engraçada, muito bem dirigida, e tinha estereótipos recheados de carne humana, o que é raro no gênero. Tenho pra mim que foi uma espécie de “Cidade de Deus” da TV. Novelas que não atingirem esse patamar vão soar pobres e velhas.

Apesar da cópia escura e sem definição exibida no Espaço Itaú (e olha que é película 35mm!), gostei muito de MOONRISE KINGDOM. Pela primeira vez saí satisfeito de um filme do Wes Anderson. As caricaturas aqui parecem conversar bem umas com as outras. É ótimo o sarro com os escoteiros, as famílias disfuncionais e os romances adolescentes. O filme consegue de fato criar um mundo à parte, surrealista e romântico, irônico e doce. E vale a pena ficar até o fim dos letreiros para ouvir a versão de Alexandre Desplat para o “Guia da Orquestra para Jovens” de Benjamin Britten.

Até compreendo que RUBY SPARKS agrade a adolescentes menos exigentes, mas não a marmanjos escolados em comédias românticas. A meu ver, o filme desperdiça um argumento razoável, embora batido (escritor apaixona-se por personagem e esta “ganha vida”). As situações são pobres de imaginação, os meandros da criação literária são inexplorados para não complicar demais a relação com um público médio e preguiçoso. Aquela concepção de amar e escrever como coisas “mágicas” na vida de escritor solitário é o cúmulo do clichê do cinema-hamburguer. E os enjoadinhos Paul Dano e Zoe Kazan não ajudam muito a disfarçar a pasmaceira.

O doc do Spike Lee sobre o álbum BAD do Michael Jackson (exibido no Festival do Rio) é uma habilidosa devassa do processo de criação e produção do disco, faixa por faixa, com insights inestimáveis sobre o profissionalismo de Jacko, sem chafurdar em suas excentricidades. Mas tem duas sacanagens. Uma com o próprio filme, abrindo espaço para uma choradeira em torno da morte do ídolo, sem que o filme fosse biográfico. A outra, conosco, pois parece que vai explicar como Michael e os bailarinos faziam aquela inclinação de 45 graus no clipe de Smooth Criminal, mas acaba sonegando a informação.

Um comentário sobre “Pílulas na rede 10

  1. Carlinhos brilhante seu comentário das novelas e noveleiros. Sua colocação que Av.Brasil parece com Cidade de Deus,e que sem esse modelo não dá mais certo, foi ratificada agora mesmo com Salve Jorge,o tema,batido, é o mesmo, cidade partida, pacificar as “comunidades”,alias um dos fatores que me fez sair do Rio.As fotos estampadas nos jornais com os tanques nas ruelas das favelas,hj “comunidades” ,é um horror.Tanque de guerra é tanque aqui como no Oriente médio,assusta.Depois de pacificadas,ou seja com um bando de policia tomando conta do povo,maioria trabalhador, o que se faz e muita festa ,shows com presença de “celebridades efemeras”.Não se preocupam em construir escolas, o negócio é fazer uma escolinha de futebol,ensinar tocar algum instrumento de rico,violino e outros para que as crianças se tornem “homi” e não bandido.Saudades de Darcy Ribeiro com os cieps hj abandonados.

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