Apesar da música utilizada, a abertura deste meu vídeo quer dizer que conhecer Teerã não é uma missão impossível. Cheguei à capital iraniana, em abril passado, depois de andar por oito cidades do país. Encontrei o que esperava: uma metrópole pulsante e moderna que parecia não dar muita bola para as imposições ultraconservadoras do regime islâmico.
Grande parte das mulheres, sobretudo jovens, não usavam o hijab (véu), algumas fumavam e namoravam em público, desafiando as leis dos clérigos. Os bazares fervilhantes contrastavam com o vazio de um enorme shopping center que visitei numa manhã de domingo. Os palácios e mesquitas estonteavam com sua decoração mirabolante.
Dividi o vídeo em oito blocos para fazer jus à diversidade do que se vê nas múltiplas Teerãs.
“Teerã histórica” cobre a icônica Torre Azadi, símbolo da cidade e local de protestos, os museus Nacional do Irã e de Arqueologia e Arte Islâmica, além de duas mansões-museus repletas de decoração da dinastia Qajar.
No bloco “Teerã monáquica” encontram-se o deslumbrante Palácio Golestan, sede de recepções oficiais dos xás, o Palácio Negarestan com seu museu de artes decorativas e o Complexo Saad’abad, um latifúndio com os palácios onde residiam os Pahlevi.
“Teerã política” se concentra nos muros da antiga embaixada dos EUA, hoje convertida num irônico Museu da Espionagem. Os muros são cobertos de duros ataques ao país inimigo. Nesse bloco há espaço também para flashes da televisão iraniana, onde pontifica o mix política-religião.
O bloco “Teerã religiosa” exibe duas belíssimas mesquitas e um templo zoroastrista. Em seguida vem a “Teerã artística”: o Museu dos Tapetes, o Parque dos Artistas com as exposições abrigadas pelo Forum dos Artistas, o Museu do Cinema com sua salinha de exibição, uma rápida visão externa do Teatro da Cidade e, por fim, minha única experiência numa sala comercial de cinema no Irã. Com a surpresa de reencontrar, tabalhando na bilheteria do cinema, um ator visto na tela.
“Teerã comercial” é dedicada a dois grandes bazares e sua intensa movimentação, com passagem por um cubículo festejado como a mais antiga casa de chá do Grande Bazar de Teerã.
No bloco “Teerã contemporânea” acompanhamos um passeio pela arquitetura mais arrojada da cidade, pistas de skate, duas pontes de desenho avançado, um lago artificial e o Iran Mall, o maior shopping center do mundo com uma variedade de atrações que vão de rink de patinação e réplica de um bazar tradicional a um salão de espelhos e uma imensa biblioteca de feições clássicas.
O vídeo se completa com “Teerã prosaica”, um panorama de aspectos gerais das ruas e do hotel Espinas International, onde me hospedei. A graça dos pequenos cantores de rua fecha os créditos finais.
A trilha sonora inclui Lalo Schifrin, Alexandre Desplat, Peyman Yazdanian (talvez o mais solicitado autor de trilhas de filmes no Irã), uma canção revolucionária de 1979 e vários temas instrumentais tipicamente iranianos.
Divirtam-se, se Alá assim permitir.



