Como parte das comemorações de 27 anos da Cavídeo, Patricia Niedermeier e Cavi Borges estão lançando 14 novas videoartes gravadas, como de hábito, nas viagens do casal. Aprecio muito a forma como lançam mão da oportunidade de visitar cenários sugestivos e museus para estabelecer diálogos com o corpo bailarino e performático de Patricia.

Nessa nova leva, intitulada EU SOU O CINEMA/O CINEMA SOU EU, ei-la flanando pelos campos de tulipa holandeses, enrolando-se em falsos celuloides qual nova Luz del Fuego (um bônus de Neville d’Almeida), perdendo-se num labirinto verde em Bercy (Paris) ou aproximando as ideias de farol e cinema em algum ponto da Holanda. 

O cinema é o homenageado de sempre, seja na mera citação de grandes cineastas mulheres, seja no périplo por cinemas de rua mundo afora. Duas peças me emocionaram particularmente: “Mãos à Obra”, em que um videomural de mãos conduz à cena-ícone de “Limite”, e “Le Film du Carrousel”, belíssimo tributo a François Truffaut e sua produtora Les Films du Carrosse.

O programa de 43 minutos é um deleite permanente. Além da filmagem criativa desde a origem, a edição se vale de alterações na velocidade das imagens, montagem rítmica, sobreposições e outros recursos que, apesar de básicos, surtem efeitos surpreendentes. A escolha das músicas é outro trunfo de bom gosto e adequação. Com poucos meios e muito amor pela expressão audiovisual, Cavi e Patricia sempre trazem belas artes em sua bagagem.

>> A estreia será nesta quinta-feira (18/7), às 21h, no Estação Net Rio. Antes disso, às 19h, no mesmo espaço, a dupla vai abrir a videoinstalação VIAGENS CINEMATOGRÁFICAS.