Manaus vai ter uma chance de descobrir o segredo dos olhos de Soledad Villamil. Em tempo de mulheres presidentes, a atriz e cantora de tangos será a presidente de honra do 7º Amazonas Film Festival, que começa hoje (sexta). Para disputar os holofotes com ela estarei eu, presidindo o júri de curtas amazonenses e do concurso de roteiros idem.
O AFF tem fama de bons orçamentos e elenco forte de convidados internacionais. Em anos anteriores lá estiveram Claude Lelouch, Alan Parker, John Boorman, John McTiernan, Hugh Hudson, Leonor Silveira, Parker Posey, Bill Pullman, Irving Kershner e até o equilibrista Philippe Petit. Eles viram e julgaram filmes, assim como foram levados para conhecer igapós, igarapés e tucunarés. A realização do festival é do governo do estado, com patrocínio master da Coca-Cola.
A programação deste ano abre com gala no Teatro Amazonas exibindo Lixo Extraordinário, de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley. Finalmente vou poder conhecer as reinações de Vik Diniz no Jardim Gramacho. Ao mesmo tempo, na praça em frente ao teatro, La Villamil vai apresentar aos manauaras o romântico O Mesmo Amor, a Mesma Chuva (1999), primeira reunião dela com Ricardo Darín sob a direção de Juan José Campanella.
O festival promove sessões em vários pontos da cidade, inclusive num centro de convivência para idosos. Há competições de curtas nacionais, curtas amazonenses e longas brasileiros e internacionais. Entre esses últimos, fica engraçado ver disputando os mesmos prêmios o überblockbuster chinês Aftershock, o sganzerliano Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha, de Helena Ignez e Ícaro Martins, e o turbinado Elvis e Madona, de Marcelo Laffitte.
À margem das minhas atribuições de jurado, vou comentar uma pequena mostra composta pelos docs Uma Noite em 67, Dzi Croquetes e Programa Casé. Como não ficarei até o final do evento, espero ter algum tempo livre para revisitar as cores, os cheiros e os ruídos do mercado municipal. Se for em companhia de Soledad, melhor ainda.

O primeiro CD da Soledad é uma delícia, chama-se “Morir de Amor”, nem tão dramático na linha tanguera: tem um tangomou outro em arranjos menos “típicos”, mas vai mais no sentido de canções regionais argentinas e aboleradas, atingindo um, hoje me dia, raro brega sublime não-estereotipado. Alguns conhecidos, ao escutar algumas faixas, estranharam os ritmos regionais e fizerm deboches chamando uma canção de “forró castelhano”. Azar de quem não têm “alma suburbana”… Comprei em Buenos Aires, mas no Rio é encontrável na loja que fica no Paço Imperial que atualemnet dá de 10 a zero na Modern Sound. Mas o segundo CD da cantriz é menos interessante em bora na foto da segunda capa ela esteja mais alegrinha…