Hoje, quarta-feira, é dia de Nós, Documentaristas às 23h30 no Canal Curta!. A estrela da vez é Emilio Domingos, que está finalizando Favela é Moda, conclusão de sua Trilogia do Corpo, iniciada por A Batalha do Passinho e Deixa na Régua.
Desde L.A.P.A., codirigido com Cavi Borges em 2007, Emilio vem formatando uma etnografia da expressão popular no Rio de Janeiro. Do rap à dança, ao cabelo e à moda, vem registrando uma estética que se faz resistência, já que partida da periferia e de comunidades menos assistidas. O realizador confia na força do cinema para combater estereótipos e preconceitos. “Quero mostrar que há beleza na vida dessas pessoas”, diz mais ou menos assim no programa dirigido por Susanna Lira.
É muito bacana ver um cineasta de origem humilde que soube compreender seu universo de classe e transpô-lo para a tela. Emilio começou como pesquisador audiovisual e enveredou pela realização apostando na sinceridade e na parceria de amigos de geração e também dos seus personagens. “Eu quero que eles se reconheçam nos filmes”. Falando para Susanna, ele expõe suas escolhas metodológicas e sua admiração pelo que retrata nos filmes. O cinema, para ele, é “uma extensão da vida”.
Igualmente visceral foi o programa com Cristiano Burlan, exibido há três semanas. Cristiano é também autor de uma trilogia, a sua ainda mais pessoal. A Trilogia do Luto alude à morte não esclarecida do seu pai (Construção), ao assassinato de seu irmão pela polícia (Mataram Meu Irmão) e ao da mãe pelo companheiro (Elegia de um Crime). Cristiano é oriundo da periferia de Porto Alegre e, como ele mesmo admite, salvou-se do mundo do crime pelo teatro e depois pelo cinema. Sua entrevista foi certamente uma das mais intensas da série, pautada pela notável honestidade moral e intelectual do cineasta.
Na quarta-feira da semana que vem, dia 13, a série Nós, Documentaristas se encerra com a presença de Petra Costa (Elena, Olmo e a Gaivota), que está chegando com tudo a bordo do seu Democracia em Vertigem.