Mulher Maravilha

A JUÍZA 

Ruth Bader Ginsburg, ou simplesmente RBG, foi a segunda mulher – e a primeira liberal – a integrar a Suprema Corte americana. Está lá até hoje. Aos 85 anos, virou ícone pop e tema de memes (péssimos). No documentário A JUÍZA, que concorreu ao Oscar este ano, ela aparece rindo das imitações humorísticas que dela fazem na TV. O filme de Julie Cohen e Betsy West, realizado por equipe quase toda feminina, faz um perfil biográfico dessa simpática e sóbria senhorinha judia que afrontou o conservadorismo judicial desde os anos 1960.

A juíza Ruth é em tudo o oposto dos reacionários e intimidados ministros do nosso STF atual. Cresceu e formou-se durante a perseguição aos “vermelhos”, o que lhe acendeu um alarme. Frequentou Harvard numa época em que o Direito era coisa de homens. Como advogada e depois juíza, promoveu a igualdade de gêneros em várias frentes, associando isso às lutas pela igualdade racial. Defendeu a livre escolha da mulher em relação ao aborto. Votou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo – o que não é mencionado pelo filme – e chegou a celebrar um desses matrimônios para dar o exemplo.

Obviamente, RBG galgou seus principais postos sob os governos democratas de Carter e Clinton. Quando Trump se candidatou, ela o chamou de falsário. Alertada de que havia ultrapassado uma linha vermelha, pediu desculpas, mas nunca retirou o que disse. Seus votos dissidentes ficaram famosos e inspiram estudantes e jovens juristas.

A JUÍZA pode não ser muito mais que uma monografia caprichada, estendendo-se um pouco à vida privada de Ruth, especialmente a sua relação de amor e dedicação com o marido Martin, falecido em 2010. Mas às vezes é dessa simplicidade que precisamos para conhecer uma personagem emblemática como ela. Uma espécie de Mulher Maravilha da Justiça americana.

Ruth está em outro recente lançamento cinematográfico, Suprema (On the Basis of Sex). Nesse caso, representada pela atriz Felicity Jones em filme da diretora Mimi Leder que enfoca os primeiros anos de sua carreira. Não vi o filme, mas a crítica em geral o recebeu como um drama hagiográfico simplificado.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s