A RESISTÊNCIA DE INGA
Há três anos conhecemos aqui o diretor Grímur Hákonarson com Ovelha Negra, denso drama entre irmãos passado numa remota região da Islândia. Seu novo filme, A RESISTÊNCIA DE INGA, repete o mesmo tipo de cenário rural pecuário, mas inflama um pouco mais o teor político.
A personagem-título, defendida pela sólida atriz Arndís Hrönn Egilsdóttir, é uma fazendeira que acaba de perder o marido e, cheia de dívidas, resolve enfrentar os dirigentes de uma cooperativa rural que explora os fazendeiros da área. No passado, a cooperativa foi providencial para a comunidade, mas com o tempo tornou-se monopolista e adotou métodos mafiosos.
O roteiro é simples e direto como o de um western (ou um northern, melhor dizendo). Inga traz inevitavelmente à memória a Mildred de Três Anúncios para um Crime: uma mulher forte que denuncia a corrupção de uma corporação e sofre as consequências de sua coragem. Na relação dela com os demais membros da cooperativa ficam patentes o medo, a intimidação e a necessidade da união para combater um sistema opressor sob a pele de um corpo social.
O leite produzido pelas vacas de Inga tem um papel dramático e gráfico muito importante, assim como as máquinas usadas na fazenda. A paisagem e a arquitetura frias redobram a sobriedade do filme, que, afinal, alcança resultados eficazes, embora modestos.