O hotel de Polanski é de uma estrela

THE PALACE, ainda sem previsão de estreia no Brasil

Roman Polanski é um dos cineastas mais versáteis do mundo. Já experimentou muitos gêneros: dramas psicológicos, horror, policiais, filmes históricos, adaptações de teatro e comédias. Nesse último campo, A Dança dos Vampiros foi um sucesso popular considerável. Em The Palace, ele volta a exercitar o humor rasgado, mas dessa vez da forma mais rasteira que se poderia esperar de um autor como ele.

Mickey Rourke (em sua nova aparência desarmonizada e revelando pela primeira vez a calvície), Fanny Ardant, John Cleese (ex-Monty Python), Sydne Rome e o português Joaquim de Almeida são os nomes mais conhecidos no elenco numeroso que aceitou participar desse pastelão ambientado num hotel de luxo dos Alpes Suíços durante o Réveillon de 1999-2000. O anacronismo do filme começa já pelo tema surrado do medo do bug do milênio, então temido como o possível fim do mundo.

O gerente (Oliver Masucci) se desdobra para atender a um contingente de hóspedes arrogantes e excêntricos que chega para a festa de Ano Novo. Há o cirurgião plástico (Almeida) festejado pelas “peruas” deformadas a quem já serviu e solicitado para tarefas ainda mais esdrúxulas; a “marquesa” (Ardant) angustiada por causa das fezes do seu cachorrinho; o escroque (Rourke) que planeja um golpe milionário com base nas diferenças de fuso horário na virada do milênio; o casal intergeracional (Cleese e Bronwyn James) surpreendido por um evento durante o coito; um embaixador russo envolvido num desvio de dinheiro justamente quando Boris Yeltsin renuncia e Vladimir Putin chega ao poder; entre outras figuras grotescas que circulam ao redor.

Embora um riso pálido tenha me chegado aqui e ali – como na cena em que o personagem de John Cleese é retirado clandestinamente do hotel –, todo esse qüiproquó me pareceu extremamente vulgar e desengonçado. Não há qualquer relação entre os diversos subplots, que se alternam mecanicamente, e sempre explorando os aspectos mais aviltantes de cada personagem. Gags velhas e gente ordinária, caro Polanski, não vão lhe ajudar a recuperar a fama de enfant terrible do cinema europeu. Nem muito menos minorar seu “cancelamento” por parte do status quo artístico.

>> The Palace não tem previsão de lançamento no Brasil

O trailer português:

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