O cangaço depois de Lampião

REVOADA

Da Bahia nos chega Revoada, recriação imaginária do que terão sido os derradeiros estertores do cangaço. Após receber a notícia da morte de Lampião e seu bando em Angicos, um pequeno grupo remanescente de cangaceiros fica à deriva, entre o desejo de vingar a morte do chefe, libertar os que ainda estão presos e a vontade de se render aos “macacos”. Tomados pelo desespero, os oito homens e duas mulheres se entregam a extremos de violência contra uma “baronesa”, um traidor e até entre eles mesmos. Um a um, vão encontrando o destino a que estavam condenados.

José Umberto trata o assunto com as cores fortes do teatro épico, atuações exorbitantes do elenco e uma decupagem que desorienta o espectador em relação aos tempos e espaços. Uma citação clara de Deus e o Diabo na Terra do Sol insinua uma filiação ao Cinema Novo baiano. Algumas locações se destacam para emoldurar dramaticamente a ação.

O filme foi realizado em 2014 e chega agora às telas depois de um interregno difícil, marcado por doença do diretor, apropriação estética do produtor Rex Schindler e uma longa batalha judicial. O que finalmente vemos no cinema, porém, não deixa dúvida de que a rusticidade do estilo é parte da concepção original. E também a irregularidade nos tempos da montagem, que pode ter servido para camuflar deficiências da filmagem.

>> Revoada está nos cinemas.

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