Tunísia: a vida no deserto

Meu passeio pela Tunísia no ano passado teve duas partes razoavelmente distintas: as cidades litorâneas ou próximas do litoral, com sua atmosfera descontraída e razoavelmente cosmopolita, e aquelas marcadas pela presença ostensiva do deserto do Saara. Estas são mais rústicas, menos afetadas pela sucessão de colonizações do país, além de, naturalmente, mais áridas e calorentas.

No vídeo que trago aqui, abordo seis pontos incontornáveis da Tunísia desértica: as cidades de Tozeur, Nafta e Douz, os oásis de Chebika e Tamerza, e o grande lago salgado Chot El-Jerid. Todos interligados por longas estradas margeadas por dunas, montanhas ou palmeirais.

Tozeur, a primeira parada, é uma grande cidade-oásis, surgida, como tantas outras do gênero, porque ali havia alguma fonte importante de água. “Onde há água, há vida”, repetia sempre meu guia Ala Eddine Khaloun. As cidades-oásis eram pausas obrigatórias das caravanas que cruzavam o deserto em tempos idos. Hoje são atrações turísticas onde se pode vislumbrar a Tunísia profunda e, digamos, “original”.

Tozeur

Tozeur, assim como Nafta, a parada seguinte, se destaca por sua arquitetura em tijolos de argila seca, dispostos em caprichosos desenhos que se inspiram na tapeçaria e na caligrafia árabes. Com uma vantagem adicional: as protuberâncias favorecem a circulação de ar nas paredes e mantêm os interiores mais frescos.

Já aqui se percebe a frequência de rotatórias decoradas com esculturas alusivas à vida na cidade: pés de tâmara, potes de barro, camelos, etc. Essa é uma característica de muitas cidades do interior da Tunísia.

Nafta é conhecida não só pela arquitetura típica, mas também por seu palmeiral num vale arredondado, conhecido como La Corbeille. Quando estive lá, o local estava mais seco que de hábito, mas nada perdia de sua posição pitoresca.

Oásis de Chebika

Dois outros oásis estavam no meu caminho. Chebika se aninha num vão das Montanhas Atlas, quebrando a monotonia ocre da serra com o esplendor verde de seu palmeiral e as correntes de água. Tamerza, mais árida, exibe uma pequena cachoeira rolando de um grande canyon. Em ambos os oásis, podemos ver a antiga aldeia, abandonada com o passar do tempo, e o novo vilarejo onde a vida continua.

Chot El-Jerid

Seguindo adiante, vamos cruzar o incrível lago salgado Chot El-Jerid. Com cerca de 5000 km² de área, é na verdade um grande salar, o deserto coberto de um sal grosso não comestível, mas usado na indústria de produtos químicos. A paisagem é quase surreal, sem falar nas eventuais miragens que podem ser vistas no caminho. Minha curiosidade por Chot El-Jerid nasceu há muito tempo, desde que vi o vídeo com esse nome, no qual Bill Viola explora suas miragens.

Por fim, chegamos à fervilhante Douz, chamada de Porta do Saara. Era dia da feira semanal, o que colocou as lentes do meu celular diante de um desfile inestimável de tipos humanos, vestes tuaregues, turbantes beduínos e barracas de tudo o que se possa imaginar – de tênis a cabeças de camelo. Além de desfrutar de um hotel primoroso, onde eu parecia ser o único hóspede (e alojado na “villa” número 13!), foi em Douz que fiz meu passeio pelas dunas do Saara a bordo de um quadriciclo. Vejam como ficou essa sequência com a trilha sonora de Mad Max.

Todo o percurso da Tunísia foi organizado por mim em conjunto com a impecável consultoria e reservas da agência Terramundi, de São Paulo.

Bem-vindos à vida no deserto!

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