Como fazer do limão uma limonada

CÂNCER COM ASCENDENTE EM VIRGEM

O dito popular cai como uma luva na proposta de Câncer com Ascendente em Virgem. Como tratar um assunto difícil como o câncer, de maneira a tirar dali um elogio da vida, da resiliência e dos laços de afeto. Como enfrentar a doença e encontrar espaço para o humor e o alto astral.

O argumento não se furta a ingredientes “da hora”. Clara (Suzana Pires) é uma mulher independente e organizada, professora que faz da Matemática matéria de divertimento e educação online, mãe de uma filha adolescente (Nathália Costa) e filha de uma coroa extrovertida (Marieta Severo). Sua vida de divorciada feliz sofre um choque ao receber o diagnóstico de câncer de mama.

Logo, porém, uma rede de apoio se forma com parentas, amigas, médicas e até alunos. As sessões de quimioterapia, a perda dos cabelos e a mastectomia são ocasiões em que a ajuda alheia é fundamental para fazer do limão uma limonada. Frases como “tudo vai passar”, “pra tudo tem jeito” e “você vai vencer essa batalha” combatem o fantasma da depressão e do pessimismo.

As fofocas na quimioterapia, a escolha de uma peruca, a despedida do seio na praia e os cuidados místicos da mãe de Clara rompem a pele do drama com injeções de comédia. A agressividade da doença, porém, não é escamoteada em nenhum momento. Não se trata exatamente de adocicar o que não pode ser adocicado. O travo do limão persiste, mas em dose tolerável. Clara usa filtros nos seus vídeos para dissimular os sinais de degradação na pele do rosto. E, como se sabe, nem todos vencem a batalha.

Muita coisa no filme de Rosane Svartman tem base na realidade de mulheres da equipe. A história se baseia no blog que a produtora Clélia Bessa criou em 2008, quando soube que tinha um câncer de mama. Estou com Câncer, e Daí? foi um hit da blogosfera e virou livro no ano passado. Marieta Severo teve câncer de endométrio e sua filha, Silvia Buarque, teve câncer de mama. Preta Gil, que canta a música-tema Tudo Vai Passar, ainda luta contra a doença.

A trilha sonora de Flavia Tygel é outro elemento ativo no difícil balanço entre o peso e a leveza. Mesmo que a dramaturgia não escape a certos estereótipos, o filme avança com fluência e pode ter um efeito social benéfico. Assim como o exemplo de Clélia. Chupa, câncer!

>> Câncer com Ascendente em Virgem está nos cinemas.

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