Apenas um melodrama banal

VERMIGLIO – A NOIVA DA MONTANHA

Perante a reputação desse filme e sua indicação ao Globo de Ouro de 2024, a experiência me decepcionou. A ambientação rústica nas montanhas em 1944 sugeria algo na linha dos Taviani, mas logo se vê que a qualidade do argumento é muito inferior. Um melodrama bastante banal sobre engano amoroso, traição e maternidade. O professor, patriarca autoritário que esconde álbum de fotos pornográficas, é um personagem unidimensional e aborrecido. As filhas não chegam a se impor como personagens, à exceção de Ada, que se penitencia rezando contra a parede e comendo cocô de galinha.

O catolicismo exacerbado é um tema subexplorado, afora por algumas imagens que sugerem a iconografia religiosa. Também os traumas da guerra são apenas rascunhados. O lacônico siciliano Pietro carregou Attilio quando desertaram, mas não vemos nenhum ferimento nesse último. A ida de Lucia deprimida até a Sicília é um desvio inexplicável e inverossímil no roteiro.

O filme é monocórdico, de ritmo lentíssimo, com atuações hieráticas e uma estrutura episódica que não me cativou em nenhum momento. Destaque para a bonita fotografia de exteriores, com muitas cenas descoloridas, mas sem nada que a transforme em linguagem.

>> Vermiglio está nos cinemas.

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