Singularidades de uma Rapariga Loura

Fic Oliveira. Este é para os fãs incondicionais de Manoel de Oliveira, entre os quais não me incluo. A história de um romance perturbado por questões financeiras joga na Lisboa de hoje o arcabouço social e moral da época de Eça de Queiroz. Assim o diretor exercita em minúcias o seu anacronismo proposital, diria mesmo militante. É um cinema altamente idiossincrático, que conta com a benevolência do espectador para aceitar – e justificar – as atuações solenes, a encenação engessada, os diálogos abruptos e as incongruências de atitudes dos personagens. Tudo isso costuma ser elogiado como expressão de antinaturalismo e ironia lusitana, típicos de um mundo próprio criado por Oliveira, seja qual for o original que estiver adaptando. A mim soa castiço, empertigado e puramente desconcertante. Destaco duas virtudes: a presença límpida de Leonor Silveira numa moldura narrativa e a duração de 63 minutos, que abrevia o enfado. 

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