Vladimir 80

Foto: Wilson Dias

Vladimir Carvalho está fazendo 80 anos hoje. Tenho o privilégio de ser seu amigo, além de admirador, e sinto-me um pouco seu biógrafo por ter escrito com ele Vladimir Carvalho – Pedras na Lua e Pelejas no Planalto para a saudosa Coleção Aplauso. (A foto acima é de Wilson Dias)

Considero Vladimir o documentarista mais completo do cinema brasileiro. Digo isso pela variedade de dispositivos que ele já utilizou em seus filmes, da evocação lírica de O País de São Saruê à epopeia trágica de Conterrâneos Velhos de Guerra; da ressignificação de arquivos em Brasília Segundo Feldman à busca pessoal de ressonâncias históricas em O Homem de Areia e Rock Brasília, só para ficar em alguns exemplos. Digo isso também pela disposição do realizador para tratar do antropológico, do cultural e do político sem traçar fronteiras muito claras entre cada uma dessas categorias.

Minha admiração por sua obra tem a ver também com a maneira como ele, muito antes da maioria, desmentiu os preceitos de objetividade e neutralidade que o documentário infelizmente herdou do jornalismo. Seus filmes sempre foram engajados e pessoais. Vladimir fez da sua presença dentro da cena de muitos filmes o instrumento de afirmação do seu ponto de vista, ou pelo menos do seu desejo de investigar. São 80 anos de um cinema criativo, intrépido, mas gentil ao mesmo tempo. Como uma fruta plantada no Nordeste e colhida mais que doce no Planalto Central.

Como uma forma de abraçá-lo neste dia, compartilho aqui o link para baixar o livro de graça, cortesia da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Clique na imagem para acessar:

2 comentários sobre “Vladimir 80

  1. Carlinhos, Você devia prevenir-me antes de fazer circular esse precioso texto que me afeta até o âmago de minha sensibilidade e coronárias, essas já sem a elasticidade de meus vinte anos. Muito me comoveram suas palavras que me colocam vis a vis com enorme responsabilidade de corresponder a elas, antes, durante e depois. Obrigadíssimo, abraços, Vladimir

    • Ora, Vlad, confio na sua força e desobrigo-o de corresponder a minhas palavras. Você já vem fazendo isso há muito tempo. Cabe a nós agora corresponder minimamente.

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