por Paulo Lima
Al Gore teve seu nome associado à luta contra o aquecimento global desde que lançou o documentário Uma Verdade Inconveniente, há dez anos.
Agora ele está de volta para apresentar novas evidências de que as mudanças climáticas são a grande bandeira a ser defendida pelas nações.
A dupla de documentaristas Bonni Cohen e Jon Shenk acompanhou Al Gore pelos quatro cantos do planeta, numa maratona de eventos, para produzir o novo documentário UMA VERDADE MAIS INCONVENIENTE.
Nesse meio tempo, não apenas as condições ambientais se deterioraram, mas também a paisagem política da maior parte das democracias ocidentais.
O novo filme captura esses novos cenários numa edição frenética que busca traduzir um estado de urgência na solução dos problemas.
No centro do embate, o esforço de substituição das velhas matrizes de energia fóssil poluentes por novos padrões mais limpos de energia, como a solar e a eólica.
Em seu esforço, Al Gore parece onipresente. Ele procura estabelecer conexões para mostrar que os cataclismos resultam, na verdade, do aquecimento global. Visita geleiras e cenários que vivenciaram desastres recentes. Realiza palestras de sensibilização e preparação de um exército de voluntários nos Estados Unidos e em outros países. Conversa com autoridades e líderes mundiais.
Com uma oratória afiada e carisma, Al Gore arrebanha simpatizantes, como um pastor numa cruzada religiosa.
O momento culminante do documentário é a aprovação do Acordo de Paris, cuja realização foi tisnada pelos atentados terroristas que abalaram a Cidade Luz em dezembro de 2015.
O filme poderia terminar com um happy end, não fosse a chegada de Donald Trump ao poder. Como se sabe, Trump anunciou a saída dos Estados Unidos do acordo.
Evocando Martin Luther King, Al Gore promete prosseguir com a luta. A verdade continua ainda mais inconveniente.
Paulo Lima é jornalista, escritor, poeta, fotógrafo e editor da revista eletrônica Balaio de Notícias.