Apesar da forma convencional de abordar o autismo infantil, o documentário EM UM MUNDO INTERIOR, de Flavio Frederico e Mariana Pamplona, expande o conhecimento do espectador leigo sobre um transtorno que, segundo especialistas, afeta cerca de 1% da população mundial. Além de exemplificar diferentes manifestações do autismo – da introspecção à hiperatividade e ao comportamento autolesivo -, o filme trata do impacto sobre a vida dos pais (a síndrome “do luto à luta”); das dificuldades em lidar com os sintomas, seus progressos e recuos aleatórios; e de algumas técnicas empregadas na busca pela sensibilização, autoconscientização e integração social dos portadores.
Os recursos narrativos são clássicos: registro de atividades cotidianas – quando a câmera está particularmente sujeita ao inesperado -, acompanhamento de sessões de terapia e entrevistas com pais, cuidadores, terapeutas e professores especiais. A iniciativa de munir cada criança com uma câmera durante o período de filmagem não parece ter rendido algo significativo.
Não é um filme para a sua sessão de sábado à tarde. Alguns casos são bastante aflitivos, sobretudo o de um rapaz mantido durante anos numa espécie de jaula.
EM UM MUNDO INTERIOR é um painel horizontal e abrangente do drama do autismo. Se não chega a ser memorável é porque lhe falta o salto, a aventura documental ou a particularidade essencial que o diferencie de uma boa e sensível reportagem.