Um Oscar shallow

Quando ROMA venceu como filme em língua estrangeira, ficou claro que não ganharia melhor filme. Mas num ano com VICE, A FAVORITA, PANTERA NEGRA e mesmo o superestimado INFILTRADO NA KLAN, a vitória de GREEN BOOK foi um banho de água fria no fim da festa.

O espanto causado por essa escolha só rivaliza com o horror de ver BOHEMIAN RHAPSODY sair com quatro estatuetas. Foi legal ver Rami Malek despontar como o primeiro ator de origem árabe a ganhar um Oscar de melhor ator, mas tirarem o prêmio de Christian Bale deveria ser caso de polícia. O que a premiação deixou implícito foi que o talento de Bale estaria na maquiagem. Erraram feio.

O prêmio para Mahershala Ali serviu para corrigir uma injustiça: ele deveria concorrer como melhor ator principal, em pé de igualdade com Viggo Mortensen. E perder para Bale.

Não vi ainda FIRST REFORMED, do Paul Schrader, mas desconfio que todos os concorrentes a melhor roteiro original mereciam mais do que GREEN BOOK. Este não é ruim, mas é esquemático e previsível.

Irônico ver um músico brancão, de cabelos quase na cintura, subir ao palco para receber o Oscar de trilha musical por PANTERA NEGRA, fortemente baseado em sonoridades africanas. Para mim, a trilha de Nicholas Britell para SE A RUA BEALE FALASSE deveria ter ficado com o homenzinho dourado.

Outro caso de polícia foi não darem melhor montagem para VICE, um trabalho espetacular que torna esse filme uma cinebiografia super original. O filme do Queen que ficasse com os prêmios de som.

Tirando as justezas de ROMA, Olivia Colman e as visualidades de PANTERA NEGRA, este foi um Oscar raso, para citar Shallow, a inevitável vencedora de melhor canção.

 

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