CENA INQUIETA, nova série documental na SescTV
“O futuro é negro”, afirma a escritora e dramaturga Cidinha da Silva em dado momento do primeiro episódio da série CENA INQUIETA. Se você pensou que ela estava fazendo um prognóstico negativo, é porque você ainda não se livrou da associação racista entre “negro” e “ruim”. Na verdade, Cidinha estava se referindo à contribuição decisiva dos negros para um porvir mais humano e justo, se é que podemos esperar por isso.
CENA INQUIETA é uma série de 26 programas sobre teatro de grupo periférico, que estreia nesta quinta-feira, 23/7, às 23h, na SescTV. A direção é de Toni Venturi (O Velho – A História de Luiz Carlos Prestes, Dia de Festa, Rita Cadillac – A Lady do Povo, Cabra-Cega, Latitude Zero, A Comédia Divina). A curadoria dos grupos é da pesquisadora Silvana Garcia. Foram escolhidos coletivos e artistas independentes com trabalhos relevantes de pesquisa e experimentação de linguagem. A série se estrutura em três eixos: teatro negro, teatro de gênero e teatro político-social.
O episódio inaugural enfoca dois grupos de São Paulo, o Clariô e o Capulanas Cia. de Arte Negra. O primeiro fixou sua base no município de Taboão da Serra e o segundo, no bairro de Jardim São João, ambos da periferia de São Paulo. Apesar de bem diferentes na formatação de suas apresentações, eles se aproximam pelo caráter político de afirmação da arte negra e pela criatividade em produzir uma estética a partir da precariedade.
Com alguma diferença de intensidade entre os dois, o Clariô e o Capulanas se debruçam sobre a ancestralidade e o patrimônio da arte negra para construir seus espetáculos. O canto, a dança e o relato têm presença forte na dramaturgia de cada um. A troca entre os dois coletivos é parte de um processo que engendra o crescimento recíproco.
Além de trazer a cartografia de uma produção cultural e artística que muitos não conhecem, num total de 48 grupos e 10 espetáculos independentes de cinco estados, a série CENA INQUIETA promete qualidade em todos os níveis. O primeiro programa ostenta um grande capricho visual e sonoro, um bonito videografismo, embora sem intenções de reinventar o modelo de documentário expositivo. Baseia-se nos depoimentos dos integrantes dos grupos – predominantemente mulheres – e na inserção de trechos de performances.
Cada episódio terá, ainda, a participação de um pensador que contextualiza o tema do programa. Nesse primeiro episódio, Cidinha da Silva faz a ponte entre os dois grupos e comenta as estratégias com que o racismo se insinua no campo da arte no Brasil. Não escapa a ela a armadilha que a militância pode representar para quem luta contra esse estado de coisas: “Isso acaba nos colocando num lugar pré-definido, o que não é interessante para o artista”. Quem vai desmenti-la?
Carlinhos, bom dia.
Pensata forte, direto ao ponto, papo reto e muito bem escrita, como sempre, mantendo o alto nível do Blog Camattos.
Não esperava que você tivesse tempo para escrever! Não entendo como você consegue dar conta de tudo. Acho que você nao dorme…
Muito obrigado, mais um gol de placa. Du caraca azul!
Gratidão.
Beijos,
Toni Venturi toni@olharimaginario.com.br +55 (11) 99900-8950
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Querido, fazer o tempo elastecer é coisa que a gente aprende com o tempo. Beijos, sucesso.