IMPERMANÊNCIA na Mostra Cavídeo 26 Anos
Márcio Cunha é um dançarino, coreógrafo e artista plástico de atuações impactantes com um corpo que parece não ter peso nem limites. Ele próprio cria seus espaços cênicos, verdadeiras instalações onde arroja suas “ideias dançadas”. Na busca de levar as artes plásticas para o palco, já fez espetáculos a propósito de Frida Kahlo, Jean-Paul Basquiat e Bispo do Rosário. Atualmente circula pelo país com a performance Pipoca, em que alude à capoeira (sua origem) e ao candomblé.
Impermanência é uma ótima introdução a essa figura carismática e sua dança extremamente visceral. O professor e cineasta Guto Neto o acompanhou nos últimos anos, registrando performances e ouvindo seus pensamentos e inquietações sobre arte e espiritualidade. “Sou um espelho refratário das dores do mundo”, ele assim se define.
Nessa toada, Márcio ora parece um monstro expressionista, ora um boneco de barro em transe. Ora sugere uma ave apocalíptica, ora um agonizante coberto de tintas. Por ocasião do espetáculo sobre Bispo do Rosário, contracenou com Arlindo, um ex-interno da Colônia Julio Moreira que conviveu com Rosário. Dessa interação nasceram cenas deveras intrigantes sobre a vida naquela instituição.
Guto se vale de efeitos simples de edição, como sobreposições e telas divididas, para desbravar as camadas do trabalho de seu personagem. O mínimo que se pode dizer do resultado é que dá uma vontade danada de ver Márcio se metamorfosear ao vivo diante de nós.
>> Impermanência estreia na Mostra Cavídeo 26 Anos neste sábado (5/8), às 21h, no Estação Net Rio.

Muito obrigado por esse presente, que é receber um texto seu sobre nossa realização!
É sempre um prazer ver seus filmes, Guto.