Maputo, eu te amo

MAPUTO NAKUZANDZA

A capital moçambicana acorda cedo e dorme tarde. Maputo Nakuzandza recorre ao formato das antigas sinfonias de cidades para revelar um dia na vida daquela metrópole africana. A cidade aparece circundando alguns personagens recorrentes ao longo do dia. Uma mulher e um homem saem para o trabalho em vans (lá chamadas de “chapas”) lotadas. Um rapaz faz sua corrida matinal. Um turista percorre ruas e mercados. Uma noiva foge da igreja e vagueia pela cidade. Uma mulher flagra o marido flertando com outra. Uma prostituta sai em seu carro para ganhar a vida. Bailarino e bailarinas performam em ruínas de antigas casas de tortura. Crianças saem de uma escola, fiéis chegam a uma mesquita, jovens se divertem nos clubes noturnos.

Embora o fluxo temporal siga da manhã à noite, não há propriamente um compromisso com a linearidade. O rapaz que corre, por exemplo, estende seu périplo até as horas noturnas. O que une esses fragmentos soltos é, antes de tudo, o desejo da diretora brasileira Ariadine Zampaulo de descortinar Maputo através desses esboços de narrativas. Depois, a locução do programa radiofônico Maputo Nakuzandza (Maputo eu te amo), que veicula ininterruptamente notícias, mensagens de amor, poemas e música.

O resultado é um híbrido de documentário, ficção e experimentação que ganhou o Prêmio Especial do Júri da Mostra Première Brasil Novos Rumos no Festival do Rio 2022. Juntamente com o filme é exibido um pequeno making of com a equipe que ajuda bastante a esclarecer a proposta, singela mas bem interessante.

>> Maputo Nakuzandza está nos cinemas.

Um comentário sobre “Maputo, eu te amo

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