O Canal Brasil está veiculando uma série de interprogramas chamada Cartas ao Cinema. Dirigidos por Duda Las Casas e produzidos por Cavi Borges, os pequenos episódios de 5 minutos de duração trazem 12 cineastas brasileiros enviando mensagens a outros diretores de sua admiração ou amizade. De certa forma, eles se dirigem a alguns de seus “faróis”.
Poucos levaram a sério a proposta de enviar uma “carta”. Helena Ignez manda seu amor para os ex-maridos Glauber Rocha e Rogério Sganzerla. Ana Carolina faz o mesmo em relação a Nelson Pereira dos Santos, Buñuel e Eisenstein. Adélia Sampaio relembra José Medeiros, parceiro de umas tantas aventuras e que morreu nos seus braços.
José Sette de Barros foi o que mais se aproximou da ideia original. Pegou um telefone e “conversou” com Sganzerla no além. “Você precisava ver a esculhambação que está esse país”, informou. A situação do Brasil entrou também na conversa de Teresa Trautman com Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman: “Eu queria que vocês estivessem aqui, mas ao mesmo tempo acho que não merecem passar pelo pesadelo que estamos passando”.
A
lguns optaram por enviar perguntas aos seus interlocutores imaginários. “Que filme você faria hoje?”, indaga Ana Maria Magalhães a Luís Buñuel. “Como seria fazer A Regra do Jogo no mundo atual?”, pergunta Lucia Murat a Jean Renoir. Sérgio Ricardo convoca Nelson Pereira: “Por que a gente não volta a se juntar como nos anos sessenta?”. Outros preferiram simplesmente falar do seu destinatário: Vladimir Carvalho, de Joris Ivens; Maurice Capovilla, de Lauro Escorel e Thomas Farkas; Luiz Rosemberg Filho, do discurso feminino de Ana Carolina e Petra Costa; Sergio Santeiro, da sua própria experiência como assistente de direção de Os Herdeiros.
Como regra, todos começam o papo contando seus primeiros contatos com o cinema, o que compõe um simpático painel de idiossincrasias e paixões de origem. A linearidade das cabeças falantes é constantemente quebrada por brincadeiras do entrevistado com pequenos artefatos óticos, gravadas com um aplicativo de celular que simula imagens de Super 8. Isso reforça o tom lúdico que perpassa toda essa série de pílulas afetivas.
