UMA CARTA PARA PAPAI NOEL e DOLORES DURAN – O CORAÇÃO DA NOITE
Papai Noel tecnológico
No parco parquinho de filmes brasileiros para o público infantil, Uma Carta para Papai Noel chega com certos predicados. A história é ágil, bem servida por efeitos digitais e cenográficos, e veicula uma mensagem de compreensão e redenção.
Um Papai Noel deprimido no vazio pós-Natal (José Rubens Chachá) recebe a cartinha de um menino inconformado porque os presentes nunca chegam à casa de acolhimento onde ele vive com outras crianças sem família. Emocionado, o bom velhinho se anima a investigar o que acontecia, já que nunca deixara de entregar sua encomenda naquele lugar. Disfarçado de Leon, o conserta-tudo, auxiliado por Mamãe Noel e pela expansiva assistente Tata, ele sai de seu desterro nevado para se aventurar na função de detetive.
O filme de Gustavo Spolidoro, ambientado na paisagem rural gaúcha, não está isento de problemas. As cenas musicais não funcionam muito bem, e há um excesso de sofisticação na cenografia da casa de acolhimento. Mas isso dificilmente vai afetar a fruição da garotada, que tem motivos para se identificar com os personagens e se divertir com os gadgets eletrônicos empregados por esse Papai Noel da era tecnológica que se desloca num trenó aéreo. A produção dá conta do recado.
Embora tenha seus vilões, nada fere a mítica do Natal como ocasião para mensagens positivas, destinadas principalmente a crianças que experimentam as carências típicas da idade.
>> Uma Carta para Papai Noel está nos cinemas.
Dolores, nosso bem
O Canal Curta oferece um presente de Natal aos espectadores. No dia 25, às 22h45, fará a primeira de várias exibições do documentário Dolores Duran – O Coração da Noite, de Juliana Barauna e Igor Miguel Pereira. Com boas participações da irmã Denise, da filha adotiva Maria Fernanda, da amiga Eloá, dos ex-namorados João Donato e Nonato Pinheiro, e do biógrafo Rodrigo Faour (autor da pesquisa), o filme enxuto percorre a vida breve e a carreira intensa de Adiléia Silva da Rocha. O nome artístico chegou por ocasião de um concurso de “cantoras mexicanas”.
Dolores foi uma mulher pioneira no seu tempo. Afrodescendente e de origem relativamente humilde, a garota precoce venceu o programa de calouros de Ary Barroso aos 12 anos, daí evoluindo para as boates dos anos 1950, a Rádio Nacional e a fama em composições onde ousava expor as intimidades do amor por uma perspectiva feminina, o que não era comum à época. O horror à solidão marcou sua vida e suas composições.
O depoimento de João Donato sobre seu namoro e o de Maria Fernanda sobre as condições de sua adoção aquecem a temperatura emocional do filme. Sua morte aos 29 anos coroou rimbaudianamente uma curta vida de algumas ousadias, muito talento e pouca saúde.
É uma pena que a produção não tenha conseguido licenciar fonogramas e imagens de Dolores em filmes ou televisão, o que faz falta numa cinebiografia musical como essa. Mas o consolo não é de se jogar fora. A cantora Bárbara Sut faz uma bela (em vários sentidos) reposição das canções mais famosas, coadjuvada pelo piano e os arranjos de Claudia Elizeu.
>> Depois da estreia a 25/12, o Canal Curta! reprisa o filme nos dias 26, terça, às 2h45 e às 16h45; 27, quarta, às 10h45; 30, sábado, às 16h15; e 31, domingo, às 22h45.



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Carlinhos! Esse espaço aqui é público? Posso enviar o link do filme por aqui?
André Luiz Oliveira 61 999871418
Não por aqui, André. Mande pelo Messenger ou email: carmattos.g@gmail.com