Bonecos queimam mas não morrem

OS 80 GIGANTES

O Brasil tem uma bela tradição no teatro de bonecos, conhecida principalmente pela atividade de grupos como o mineiro Giramundo e o carioca Sobrevento, ou os bonecos gigantes do carnaval de Olinda. Mas um novo documentário vem revelar outro trabalho, este menos conhecido do resto do país. A Cia. dos Ventos existe no Paraná desde 1994, quando o casal Tadica Veiga e Joelson Cruz a criaram na cidade de Antonina, inspirado por um legado do gênero já existente no carnaval local.

A companhia, eminentemente familiar, transferiu-se em 2000 para São José dos Pinhais, onde progrediu a ponto de fundar um Museu do Boneco Animado e uma Escola Livre de Teatro que formou cerca de 28.000 alunos. A descontinuidade política do município, porém, os desalojou, deixando um rastro de desalento, mas não o suficiente para desanimá-los. O filme de Joana Nin acompanha a elaboração de novos bonecos, já com a participação de uma nova geração de familiares e de ex-alunos.

Espuma, isopor e tecidos são os materiais predominantes para dar corpo à estrutura dos bonecões. O caráter inflamável desses elementos acaba se prestando a uma triste realidade: por falta de lugar onde armazenar os bonecos, muitos deles já tiveram de ser queimados.

Há um sentimento misto de perda e resistência que emociona o casal e seu entorno. Os 80 Gigantes serve a esse registro com simplicidade e um olhar cúmplice. Observa o carinho com que tratam o trabalho e a forma como tudo se baseia na transmissão de saberes, cantares e fazeres. Assim integra o Sul à paisagem bonequeira do Brasil.

>> Os 80 Gigantes está nos cinemas.

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