É Tudo Verdade: Reconhecidos

Fotos que enganam

Muito embora o entendimento penal afirme que o reconhecimento de um suspeito por fotografia não é prova suficiente para uma condenação, esta prática tem sido adotada na apuração de crimes no Brasil. Reconhecidos acompanha diferentes fases de quatro casos desse tipo. Todos de homens negros ou pardos residentes no Rio de Janeiro.

O motoboy Claudio já foi reconhecido erroneamente por 12 vezes, o que lhe dificulta conseguir emprego e levar uma vida normal. Mais uma vez ele espera um julgamento e pede que sua foto seja excluída do álbum de suspeitos. A fim de se proteger, adotou o hábito de fazer selfies frequentes para provar onde se encontrava.

O técnico de enfermagem João teme voltar a ser preso depois de passar uma semana na cadeia em função de um falso reconhecimento. O supervisor de cargas Alberto foi assaltado e seu documento de identidade foi encontrado num carro roubado, o bastante para levá-lo à prisão. A família e amigos fazem plantão na porta do presídio à espera de sua saída. Por sua vez, o produtor cultural Gustavo, o único a morar na Zona Sul, está preso depois de ser reconhecido por foto.

O filme de Fernanda Amim e Micael Hocherman tem um pouco de dificuldade em situar os estágios de cada um, até mesmo porque a burocracia da soltura é um labirinto de ordens, contra-ordens e espera angustiante. À parte alguma confusão no acompanhamento, é possível avaliar a aflição dos acusados e de seus familiares até o momento do julgamento definitivo. O papel dos advogados também é enfatizado numa rotina cheia de tensão e alguns constrangimentos.

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