Festival do Rio: “Honestino”

Um revolucionário que amava demais, sabia poemas de cor e não aceitava viver no confinamento. Honestino Guimarães tem sua história contada com verve e criatividade no misto de documentário e ficção de Aurélio Michiles. Em Barra 68, Vladimir Carvalho havia tangenciado o personagem, que agora ganha protagonismo.

A trajetória individual de Honestino se mescla com a rememoração de todo um contexto ligado aos movimentos estudantis dos anos 1960 e 1970. Uma história coletiva, por assim dizer, de um tempo em que a educação era matéria de luta e se confundia com as pautas políticas. Algo bem distante do marasmo universitário atual.

José Genoíno, Hermano Penna, Jorge Bodanzky, Almino Afonso e Franklin Martins se juntam a familiares de Honestino e outros militantes da Ação Popular para recuperar fatos e emoções vividas principalmente em torno da Universidade de Brasília, onde “Gui” plantou sua figura de liderança. O próprio Michiles esteve próximo de Honestino nos tempos de UnB.

Preso cinco vezes, vivendo na clandestinidade em Brasília, Rio e São Paulo, Honestino se recusou a partir para o exílio, mesmo tendo sua morte anunciada por amigos e inimigos. Condenado a 25 anos de prisão, acabou como mais um “desaparecido” pelas mãos dos militares.

Michiles pisa no terreno arriscado da combinação de documentário e reconstituições ficcionais, armadilha em que tantos cineastas brasileiros já se deixaram cair. Felizmente, as vinhetas encenadas, com Bruno Gagliasso no papel de Honestino, são poucas e discretas. Da mesma forma, são sintéticas e fortes as cenas que recriam os embates entre estudantes e a repressão em Brasília. A montagem ágil, as cores evocativas da fotografia de André Lorenz Michiles e a potente trilha musical de Flávia Tygel formam um conjunto mais pulsante e atraente que a média dos documentários históricos.

QUI (09/10) 19:15 Estação NET Gávea 5
QUI (09/10) 19:15 Estação NET Gávea 4
SEX (10/10) 13:30 Cine Odeon – CCLSR
SÁB (11/10) 16:15 Cinesystem Belas Artes 5

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