Rosemberg no teatro, Bethania em exposição

O próprio Luiz Rosemberg Filho tem repetido que as pessoas estão gostando mais de DOIS CASAMENTOS – A Peça do que do filme homônimo. Talvez a razão seja muito simples: embora escrito para o cinema, o texto tem uma inequívoca vocação teatral. Quando na tela, DOIS CASAMENTOS parecia teatro filmado. Carminha e Jandira, as duas…

Mulheres-fênix

Com o monólogo EUGÊNIA, a bela atriz Gisela de Castro está fazendo um papel-revelação às terças e quartas-feiras no Teatro Eva Herz (Livraria Cultura, centro do Rio). Sozinha no palco, ela vive umas 50 mulheres e ao mesmo tempo uma só: Eugênia José de Menezes, filha do governador de Minas Gerais no século XVIII, escolhida…

Sibylle, Vivian e John

Ana Beatriz Nogueira, essa gigantesca atriz, vai brilhar mais uma vez no palco a partir desta semana como uma filha de Jacques Lacan no monólogo UM PAI (PUZZLE), no CCBB-Rio. Assisti a um ensaio aberto no último fim de semana e de novo fiquei pasmo com a capacidade da Ana de se apoderar de uma…

A atriz, o baterista e o Velho Guerreiro

Não vejo razão para considerar ACIMA DAS NUVENS algo mais que um bom filme. Atrizes fazendo o papel de atrizes e mergulhando na nebulosa relação entre pessoa e personagem respondem por alguns clássicos do cinema, como “Persona”, “Noite de Estreia” (Cassavetes), “A Malvada” e “Crepúsculo dos Deuses”. Olivier Assayas escreveu especialmente para Juliette Binoche essa…

Que tal um teatrinho?

Três peças a que assisti em dezembro retomam a temporada em janeiro no Rio. Comento rapidamente cada uma: Foto: André Wanderley HORA AMARELA é o segundo texto de Adam Rapp encenado no Brasil por minha irmã Monique Gardenberg. O primeiro foi “O Inverno da Luz Vermelha”. Os trabalhos de Monique no teatro têm privilegiado obras…

Uma peça e quatro filmes

A FALECIDA, na montagem do nelsonrodriguiano Marco Antônio Braz, está em cartaz só até domingo no Teatro Carlos Gomes (Rio) a preço popular (10 reais, com renda revertida para a Casa dos Artistas). É um ótimo refresco para as emoções da Copa, embora o futebol esteja no centro da peça. No centro do palco, aliás,…

“Moscou” no Canal Brasil

Hoje (domingo) a Mostra Eduardo Coutinho do Canal Brasil exibe, às 19 horas, Moscou, décimo-primeiro longa-metragem do diretor, rodado em 2009. Na introdução à sessão, eu faço o seguinte comentário: Moscou é um filme que pretende criar um laço entre teatro e vida real. Nesse sentido, Coutinho tenta aprofundar as experiências levadas a cabo no filme anterior, Jogo…

Um passo além do teatro filmado

Na última cena de E Se Elas Fossem para Moscou?, as três atrizes da peça se deslocam de um andar para o outro. No mezzanino do Espaço SESC-Copacaba, lugar do teatro, os espectadores passam a vê-las num telão. No primeiro andar, a plateia do filme as recebe ao vivo. O plano que anuncia essa chegada…

Concórdia e o Vermelho

Na fila à minha frente, no Teatro Sesc Ginástico, a senhorinha balançava a cabeça frequentemente, concordando com o que Antonio Fagundes, no papel do pintor Mark Rothko, dizia sobre o respeito necessário diante de uma obra de arte. Para facilitar, vamos chamá-la de Concórdia. Era tão entusiasmada sua adesão à fala cênica que às vezes…

Shakespeare no cárcere

Depois dos aplausos da estreia, os atores dessa montagem do Julio César de Shakespeare não saem para jantar e comemorar com os amigos. Em vez disso, retornam cabisbaixos e silenciosos para suas celas na prisão de segurança máxima de Rebibbia, nos arredores de Roma. Estão condenados por tráfico de drogas, assassinatos e outros crimes, alguns à prisão…

As paixões siamesas de Evaldo Mocarzel

"A Última Palavra é a Penúltima"De todos os cineastas que fazem o trânsito entre cinema e teatro atualmente no Brasil, o mais ativo e inquieto é, sem dúvida, Evaldo Mocarzel. Seja escrevendo peças, seja filmando grupos de teatro paulistano e experimentando diversas formas de interação entre os dois campos, Evaldo vive essa hibridez como nenhum outro.

Simone, Maggie, Marilyn!

simoneQuando ela entra em cena, já perto do final do primeiro ato, é como se o iluminador dobrasse as luzes sobre o palco. Ela vem com o mix de sensualidade, beleza, vulnerabilidade e franqueza que imaginamos em Marilyn. Seus meneios de corpo e de voz recriam um arquétipo de feminilidade que parece não existir mais hoje em dia.

Gente no fio da navalha

Infelizmente, nunca li Haruki Murakami, cujos contos minha irmã Monique Gardenberg adaptou para o teatro junto com Michele Matalon. Não sei se isso é bom ou ruim para quem vai assistir a O Desaparecimento do Elefante, em cartaz até o dia 25 no Teatro Fashion Mall.

Pílulas na rede 9

Aprecio as experimentações de Patricia Moran no doc CLANDESTINOS, mas saí exasperado desse tal de PONTO ORG. Quase descolei a retina com a câmera tonta nesse mix indigesto de voyeurismo chique da marginalidade e pseudo-modernidade multiplataforma. Tudo provinciano demais, autocentrado demais, estereotipado demais. As ideias fragmentadas e incompletas podem ter charme quando têm alguma densidade…

A morte como bem de consumo

A Falecida não pesava toneladas como algumas transposições anteriores, nem queria ser puro divertimento como outras que viriam depois. Realizado em 1964 e lançado em 65, era uma aproximação possível entre o universo de Nelson Rodrigues e o campo de interesse social do Cinema Novo.

Pílulas na rede 7

Comentários rápidos sobre filmes e peças postados recentemente no Facebook e Twitter: Não creio que seja por falta de referências da cultura judaica que eu deixei de curtir O GATO DO RABINO. A gente sente quando a coisa tem verve, gume e graça – e esse não me pareceu bem o caso. O filme é…

Dez vezes Nelson Rodrigues

O Canal Brasil inicia amanhã (à 0h15 de segunda para terça) a Mostra Centenário Nelson Rodrigues. Eles vão exibir 10 adaptações da obra de NR para o cinema. É um dos pratos mais fumegantes no cardápio do cinema brasileiro dos anos 1960 para cá.

Tolstoi na Lapa

Celina Sodré está cometendo mais uma de suas amorosas infidelidades. Dessa vez, levou personagens de Guerra e Paz para o casarão do seu Studio Stanislavski

Pílulas na rede 5

Não há nada de novo sob a escuridão de SOMBRAS DA NOITE, o novo Tim Burton. Mesmo assim, me diverti bastante com a paródia de vampirismo atravessando dois séculos e desembarcando em 1972. Até as piadas velhas funcionam legal quando o contexto é adequado e a direção é esperta. A maquiagem digital é o grande…

Pílulas na rede 3

Mais comentários postados recentemente nas redes sociais sobre filmes e peças: Além de seu excelente trabalho como redator da Filme Cultura (aguardem o número 56, em junho), Luís Alberto Rocha Melo me deu outra alegria com seu novo filme, NENHUMA FÓRMULA PARA A CONTEMPORÂNEA VISÃO DO MUNDO. Paródia de um processo de contratação artística envolvendo…

Julia entre dois mundos

Julia, a peça-filme que deu a Christiane Jatahy o Prêmio Shell de direção e fica em cartaz nos dois próximos fins de semana no Espaço Sérgio Porto, é uma das melhores coisas que há para ver na cidade. Adaptando a peça Senhorita Julia, de August Strindberg, para uma ambientação superficialmente brasileira, o espetáculo condensa toda…

20 anos de teatro cidadão

De Brecht à Bósnia, de Lima Barreto a Heiner Müller, de Martins Penna a João Cabral de Melo Neto, o repertório da Companhia Ensaio Aberto é um elogio do teatro como mix de divertimento e reflexão política. Luiz Fernando Lobo, Tuca Moraes e sua trupe estão há 20 anos na estrada e comemoram a data…

De frente para o palco

Estamos assistindo a uma nova onda de interesse pela relação entre o cinema brasileiro e o teatro. Diversos filmes têm investido nesse diálogo – a começar, talvez, por Moscou, de Eduardo Coutinho, que tentava abrir camadas de significação por trás dos ensaios para uma pseudomontagem de As Três Irmãs, de Tchekov. Essa disposição do cinema…

Por dentro da Missa

Antes de publicar o post anterior, sobre a montagem em cartaz de Missa dos Quilombos, eu tinha enviado algumas perguntas ao diretor Luiz Fernando Lobo. As respostas chegaram depois da publicação. Segue aqui a entrevista: ………………………………………………………………………………………………… – Esta parece ser a sétima vez que você monta o espetáculo. Qual a principal novidade dessa atual montagem,…

Ópera operária

Dê uma pausa na dupla Botelho & Moeller e se ligue num autêntico musical brasileiro. Missa dos Quilombos está só até terça que vem no Armazém da Utopia, no cais do porto. A Missa na verdade é uma ópera afro-brasileira, escrita há 30 anos por Milton Nascimento, Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra. Já foi montada…

Hipócritas!

“Upocritès”, ensina o professor a seus alunos no primeiro ato da peça, é a palavra grega que serve para designar comediante, fingimento, hipocrisia. Ele mesmo, o professor, tem uma missão hipócrita a cumprir. Engravidou a mãe de um de seus alunos enquanto o pai estava em viagem. O capitão chega hoje e terá uma noite…

Emoções nuas

É chato elogiar publicamente o trabalho de irmão. Mas quando se tem uma meia-irmã como Monique Gardenberg, às vezes não dá pra evitar. Monique é fera em tudo o que faz: produção de música e de festivais, direção de filmes, programas de TV, shows, peças de teatro. Ela sabe que não curto muito Ó Paí,…

Apontamentos sobre os ‘Appunti’ de Pasolini

O Instituto Moreira Salles exibe nos dias 14, 19 e 27 o raro filme Anotações para Filmar Orestes na África (Appunti per un’Orestiade Africana), de Pier Paolo Pasolini. Abaixo, o texto que escrevi para o folder mensal do IMS:     1.  O formato de “Apontamentos”, “Anotações” ou simplesmente “Notas” costuma ser adotado por cineastas de várias latitudes…

No santuário do Kabuki

Diversão de domingo: Quem for a Tóquio e não visitar o Teatro Kabuki-za é como se tivesse ido ao céu e esquecido de dar uma checada no Pai Eterno. Aquele é o palco mais famoso do mais famoso gênero teatral oriental, o Kabuki. A história do prédio é tão dramática quanto algumas das peças ali…